2019: Desafios do Governo e pontificado do Papa Francisco vão marcar próximo ano

Análise de Teresa Paiva Couceiro e Henrique Joaquim

Lisboa, 28  dez 2018 (Ecclesia) – O diretor-geral da Comunidade Vida e Paz e a diretora da Fundação Gonçalo da Silveira projetam, em declarações à Agência ECCLESIA, o ano de 2019, sublinhando os desafios do Governo português e do pontificado do Papa Francisco.

“O que mais desejo é que o Governo passe à prática aquilo que está inventariado e proposto e permita que este apoio que a sociedade tem dado e comunidade em geral possa tornar real. Tirar pessoas da rua é o efeito prático”, disse Henrique Joaquim da Comunidade Vida e Paz (CVP) que tem como causa “as pessoas mais vulneráveis e as pessoas em situação de sem-abrigo”.

Já Teresa Paiva Couceiro revela o desejo que o Papa Francisco “se mantenha vivo e com força para muitas decisões”, por ser uma “voz ativa que ajuda muito ao trabalho de transformação social, para maior justiça e equidade,” da Fundação Gonçalo da Silveira (FGS).

A diretora da organização não-governamental para o desenvolvimento, fundada pela Província Portuguesa da Companhia de Jesus, adiantou também que está com “uma expectativa muito grande” sobre o resultado do Sínodo especial dos Bispos para a Amazónia – ‘Novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral’ -, que vai ter lugar em outubro de 2019.

Sobre o Papa Francisco ao longo deste ano, a entrevistada destaca outro Sínodo dos Bispos, este sobre ‘os jovens, a fé e o discernimento vocacional’, cuja assembleia se reuniu em outubro, como um “momento da Igreja pela faixa etária que envolveu”.

“Os jovens puderam ter voz, discutir, debater; os jovens têm o seu papel na Igreja”, assinalou Teresa Paiva Couceiro.

Foto: Ricardo Perna/Família Cristã

Henrique Joaquim destaca, por sua vez, “a abertura que um Papa tem em chamar os jovens para Roma” e a mensagem que Francisco passou sobre a Igreja precisar da juventude.

Os casos de abusos sexuais por membros do clero também estiveram no centro das atenções mundiais e o diretor-geral da CVP realça “as atitudes do Papa”, em concreto o “ato de contrição”, com a “humildade de se expor perante as vítimas e pedir perdão, no recato”.

Para Henrique Joaquim “é paradoxal” que mesmo em setores da Igreja haja o pedido de renúncia de Francisco que “está no perdão, na humildade, na cura”, a tomar “decisões tremendas, a afastar quem tenha de afastar nem que seja o mais próximo”.

Já a diretora da FGS considera que “não é justo” pedir a renúncia do Papa, que “está a fazer um caminho de reconciliação, perdão, reestruturação da própria Igreja”.

Sobre o ano que está a terminar, Teresa Paiva Couceiro destaca a aprovação da estratégia nacional da educação para a cidadania, que foi implementada no ano letivo 2017/2018, nas escolas públicas e privadas.

A partir do pré-escolar, na disciplina de Cidadania e Desenvolvimento, existem temas “desde a sustentabilidade, a interculturalidade, a vida democrática e criatividade”, direitos e deveres que “têm de constar da formação letiva dos vários níveis, das várias disciplinas, de forma transversal”.

O diretor-geral da Comunidade Vida e Paz salienta “o grande volume de greves” dos últimos meses, um “sintoma de insatisfação generalizada, por expectativas goradas”.

A nível internacional, Henrique Joaquim evidencia os movimentos sociais inorgânicos que também são manifestação da “insatisfação das pessoas”.

2019 vai ser um ano marcado por eleições – Europeias, Regionais (Madeira) e Legislativas.

Henrique Joaquim alerta que “não chega” ficar pelo “momento do voto”, sendo necessário “discussão e consciência critica”; Teresa Paiva Couceiro frisa serem precisas “pessoas mais ativas em questões de cidadania” e o voto “é a única maneira de desenvolver um envolvimento”.

A análise e comentário dos dois entrevistados vai estar em destaque no último programa dominical da ECCLESIA deste ano, a 30 de dezembro, a partir das 06h00, na Antena 1 da emissora pública.

LS/CB/OC

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