Obra relata rostos e histórias reais para «despertar a consciência» das pessoas
Lisboa, 30 jan 2018 (Ecclesia) – A Fundação Ajuda a Igreja que Sofre (AIS), organismo solidário católico ligado à Santa Sé, lançou o livro ‘A Cruz Escondida’ para assinalar 70 anos de missão junto das comunidades cristãs mais perseguidas em todo o mundo.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, esta segunda-feira durante a apresentação da obra em Lisboa, a diretora do secretariado português da AIS realça uma obra que “ajuda a assinalar esta data” através de “70 rostos, 70 histórias” recolhidas dos vários países onde a Fundação realiza o seu trabalho.
Por um lado, “dar voz a todas as pessoas que não têm voz e que vivem nestes países onde há perseguição aos cristãos”, e depois “lembrar” todos quantos hoje “estão no terreno a ajudar essas comunidades”.
“Homens e mulheres extraordinários, padres, irmãs, leigos, verdadeiros heróis do tempo moderno que com as suas atitudes, com os seus gestos e apoios, ajudam a suportar todas as necessidades que as pessoas vão tendo”, realça Catarina Martins.
Iraque, Paquistão, Nigéria, Filipinas, Síria, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Coreia do Norte, Iémen e Mianmar são alguns dos países representados nesta publicação.
Nela encontramos a última carta do padre Ragheed, assassinado no Iraque aos 35 anos depois de celebrar missa; e conhecemos o sofrimento de Rose, uma jovem que perdeu um irmão e viu os pais ficarem gravemente feridos depois de um ataque a um bairro cristão em Alepo, na Síria.
Acompanhamos também outros casos, como o sonho desfeito de Pascal, um jovem cristão nigeriano que sonhava ser futebolista como Ronaldo, mas acabou vítima de um esquema de tráfico humano para a Turquia.
Ele reencontraria a esperança graças ao apoio do padre Julius Ohnele, um sacerdote também proveniente da Nigéria, que ajuda jovens que caíram nas redes da emigração clandestina.
Todos os testemunhos foram compilados através do trabalho do jornalista Paulo Aido, da Fundação Ajuda a Igreja que Sofre.
“Cada uma destas histórias é um exemplo concreto da perseguição aos cristãos no mundo. Os jornalistas vivem de factos, de histórias reais, e aqui estão setenta exemplos”, salientou aquele responsável.
Segundo o jornalista, nesta obra é possível conhecer várias tipologias de perseguição: cometida “contra uma minoria”, aplicada através de “leis do Estado” que atentam contra os direitos e a dignidade das pessoas, que as atiram para “a pobreza”.
“E aqui o que se procura acima de tudo fazer é despertar a consciência das pessoas, porque contamos narrativas de pessoas, de famílias, de comunidades inteiras que sofrem por causa da fé”, complementa Paulo Aido.
Na apresentação do livro esteve presente D. Sebastian Shaw, arcebispo de Lahore no Paquistão, precisamente um dos países onde a comunidade cristã é mais perseguida e alvo de violência.
O responsável católico destacou a esperança que a Fundação AIS tem levado, através do seu apoio e do contributo de todos os seus benfeitores no mundo, para o povo do seu país.
E que está simbolizada através deste livro “A Cruz Escondida – 70 anos, 70 rostos, 70 histórias”.
“Eu digo à minha comunidade: nós podemos estar abatidos, revoltados, mas não estamos esquecidos. A Igreja de todo o mundo, e de Portugal também, está connosco”, frisou o arcebispo paquistanês.
A obra dedicada aos 70 anos da AIS foi apresentada esta segunda-feira na igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Lisboa.
O livro teve também destaque na edição do jornal ‘Voz da Verdade’, do Patriarcado de Lisboa, graças a uma parceria com a fundação solidária católica dependente da Santa Sé.
Para o padre Nuno Rosário Fernandes, prior da paróquia de Nossa Senhora do Amparo e diretor do jornal ‘Voz da Verdade’, é essencial que os órgãos de comunicação social católicos cumpram o seu papel, no denunciar da dura realidade que muitas comunidades cristãs enfrentam hoje no mundo, e no dar a conhecer as instituições que as apoiam.
“E no fundo tem sido isto que temos trazido todas as semanas, precisamente esta vida de uma Igreja muitas vezes escondida, onde não é fácil ser cristão. E este livro é resultado disso mesmo, e nós não podíamos deixar de estar presentes”, salienta o sacerdote.
O livro ‘A Cruz Escondida’ conta com um prefácio assinado pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente e pode ser adquirido por um preço de 15 euros.
JCP