Abusos Sexuais: Porta-voz do Vaticano recorda resposta dos últimos Papas e critica sensacionalismo da imprensa

Igreja sente-se «ferida e humilhada» e tem procurado «reagir», diz padre Federico Lombardi

Cidade do Vaticano, 04 mar 2016 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano reagiu hoje em comunicado ao recente debate sobre a resposta da Igreja Católica aos casos de abusos sexuais, criticando posições “sensacionalistas”.

O padre Federico Lombardi comentava, em particular, as reações e comentários que se seguiram à atribuição do Óscar de melhor filme a O caso Spotlight’, do realizador Tom McCarthy – que relata a investigação jornalística do ‘Boston Globe’ que em 2002 revelou os abusos sexuais de menores na Igreja Católica na Diocese norte-americana de Boston -, bem como ao depoimento do cardeal George Pell, prefeito da Secretaria para a Economia (Santa Sé) e antigo arcebispo de Sidney (Austrália), perante a Real Comissão da Austrália sobre a Resposta Institucional ao Abuso Sexual Infantil.

“A apresentação sensacionalista destes dois acontecimentos fizeram com que, para grande parte do público – sobretudo o menos informado ou de memória curta -, se pense que na Igreja pouco ou nada se fez para responder a estes dramas horríveis”, lamenta o porta-voz do Vaticano.

O responsável assinala que os últimos acontecimentos podem ser lidos, no entanto, numa “perspetiva positiva”.

“A Igreja Católica, ferida e humilhada pela chaga dos abusos, quer reagir não só para a sua própria cura mas também para colocar à disposição de todos a sua dura experiência neste campo”, precisa o diretor da sala de imprensa da Santa Sé.

O padre Lombardi disse depois aos jornalistas que o Papa Francisco não tinha recebido qualquer “pedido formal” de audiência de familiares e vítimas de casos de abusos sexuais por membros do clero na Austrália, que estiveram esta semana em Roma.

Membros do grupo, com cerca de 20 pessoas, foam recebidos pelo cardeal Pell e por representantes da Comissão para a Tutela dos Menores, criada por Francisco em 2014.

“A atitude e a resposta jurídica, pastoral e espiritual dos Papas a estes dramas da Igreja do nosso tempo foram: reconhecimento dos graves erros cometidos e pedido de perdão; atenção prioritária e justiça para as vítimas; conversão e purificação; prevenção e renovada formação humana e espiritual”, refere a nota do porta-voz do Vaticano.

Segundo o padre Lombardi, os encontros de Bento XVI e Francisco com grupos de vítimas marcaram este “longo caminho”, como exemplo de “escuta, pedido de perdão”, mostrando o envolvimento pessoal dos Papas.

“Se, por isso, os apelos que se seguiram ao [filme] ‘Spotlight’ e à mobilização de vítimas e organizações por ocasiões do depoimento do cardeal Pell contribuírem para apoiar e intensificar o longo caminho da luta contra abusos de menores na Igreja Católica e no mundo de hoje, que sejam bem-vindos”, refere o diretor da sala de imprensa da Santa Sé.

O comunicado do porta-voz do Vaticano recorda que a Arquidiocese de Boston tem à sua frente, desde 2003, o cardeal Sean O’Malley, “universalmente conhecido pelo seu rigor e sabedoria” em relação às questões dos abusos sexuais, sendo presidente da Comissão que o Papa constituiu para esta área.

Em seguida, o texto evoca o encontro do agora Papa emérito Bento XVI com vítimas de abusos na Austrália, durante a sua viagem a Sidney, em 2008, arquidiocese então liderada pelo cardeal Pell.

OC

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