América Latina: Papa denuncia «colonização ideológica que quer apagar o que o território tem de melhor»

Na solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe

Cidade do Vaticano, 12 dez 2017 (Ecclesia) – O Papa assinalou esta terça-feira a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe com uma Missa na Basílica de São Pedro, na qual lembrou as muitas pessoas que hoje convivem no continente um contexto de pobreza e exclusão.

Na homilia da solenidade, Francisco destacou “as comunidades indígenas que não são tratadas com dignidade e igualdade de condições, as mulheres que são excluídas em virtude do sexo, da raça ou situação económica, e os jovens a quem falta uma educação de qualidade ou não têm oportunidade de entrar no mercado de trabalho”.

Apontou ainda para problemáticas como o “desemprego”, dos povos “sem-terra”, de todos os que lutam para sobreviver através da pequena economia de subsistência, e dos jovens e crianças, rapazes e raparigas “submetidos ao jugo da prostituição” e mesmo ao “turismo sexual”.

Nossa Senhora de Guadalupe, cujo dia é assinalado a 12 de dezembro, é a padroeira da América Latina, e é objeto de devoção nos mais variados cantos do mundo, onde as comunidades latino-americanas estão radicadas.

O Papa destacou “uma mãe que é capaz de fazer seus os traços dos seus filhos, de modo a dar-lhes a sua bênção”.

Filhos estes, neste caso os povos latinos, que constituem “uma riqueza cultural” que deve ser “cultivada” mas também neste tempo “defendida com coragem de todos quantos, a partir de slogans atraentes, querem impor uma só maneira de pensar, de ser, de sentir, de viver”.

Um contexto social que “acaba por apontar como inválido ou estéril tudo o que vem dos nossos antepassados, que faz com que os jovens se sintam diminuídos por pertencerem a tal cultura”.

“A fecundidade da América Latina exige de defendamos os nossos povos de uma colonização ideológica que quer apagar o que eles têm de melhor, sejam indígenas, afroamericanos, mestiços, campesinos ou suburbanos”, frisou Francisco.

O Papa argentino lembrou ainda que Nossa Senhora é a mãe de toda a Igreja e com ela todos os cristãos devem aprender a “ser Igreja com rosto mestiço, com rosto afroamericano, com rosto camponês, com rosto pobre, de desempregado, de menino, de menina, de idoso e jovem, para que ninguém se sinta estéril nem infecundo, envergonhado ou insignificante”.

Para que “cada um possa sentir-se portador de uma promessa, de uma esperança” vinda de Deus, uma promessa que “universaliza” e que faz da humanidade um só “povo”.

No final da sua homilia, Francisco exortou todos os presentes a nunca deixarem cair esta fé e devoção em Nossa Senhora, repetindo como Isabel, a prima de Maria: ‘Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre Jesus”.

JCP  

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