Angola: «Disparidades» sociais subsistem apesar da imagem de poder económico

Sónia Monteiro trabalhou durante dois anos na alfabetização de jovens e adultos em Benguela

Lisboa, 26 ago 2015 (Ecclesia) – Sónia Monteiro dedicou dois anos da sua vida a um projeto missionário de apoio à alfabetização em Benguela, Angola, integrada nos “Leigos para o Desenvolvimento”.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a jovem realça o facto de apesar daquele país lusófono parecer ser hoje sinónimo de poder económico, as “disparidades” sociais não desapareceram e “continua a haver necessidade de se trabalhar a esse nível”.

“Falar de Luanda não é falar de Angola, as diferenças sociais, o acesso à educação é maior mas a qualidade continua a ser difícil. O potencial já lá está, acredito é que às vezes algumas visões de fora podem ajudar a fazer germinar este potencial”, frisa a voluntária missionária.

Durante dois anos, o trabalho de Sónia Monteiro foi coordenar “um projeto de alfabetização de jovens e adultos, a maior parte mulheres entre os 24 e os 38 anos”.

No primeiro ano, a missão foi mais centrada na orientação da “equipa de alfabetizadores”, prestar apoio aos “recursos humanos” tanto a “nível administrativo” como “financeiro”.

Já no segundo ano, a ideia foi começar a “passar o projeto para a equipa local, capacitar” os próprios agentes angolanos para que estes “pudessem caminhar sozinhos”.

Isto porque toda a lógica de intervenção dos “Leigos para o Desenvolvimento” assenta em “trabalhar” para que a ajuda se torne “desnecessária”.

“E isso é um desafio porque normalmente queremos fazer as coisas à nossa maneira”, aponta Sónia Monteiro.

Desde criança que a jovem sonhava em partir como voluntária, “toca pelas histórias de vida dos missionários”.

Mas sempre “procurou o momento certo”, até perceber que “provavelmente não há um momento certo, é preciso ousar e seguir em frente”.

Assim, decidiu viver essa experiência depois de terminar o curso de Direito e o estágio em Advocacia, e “antes de ingressar no mercado profissional“.

Houve quem a alertasse, a própria família, preocupada, que ela poderia perder dois anos da sua vida, que poderiam ser preciosos para o seu início de carreira.

No entanto, para Sónia Monteiro, a experiência que viveu “valeu a pena” e hoje mantém a sua ligação aos “projetos de desenvolvimento e ao contexto de Angola”

“O tempo em missão acaba-nos sempre por marcar, acabei por voltar à mesma realidade mas com um olhar diferente, a valorizar outras coisas ou a procurar outros sentidos”, reconhece a jovem, que quer “continuar a ter esta disponibilidade de entrega, de serviço, e de ajudar com os outros a fazer crescer alguma coisa”.

HM/JCP 

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