Chile: Milhares de pessoas receberam o Papa nas ruas de Santiago

Francisco evocou memória de D. Enrique Alvear, defensor dos Direitos Humanos, no seu primeiro gesto em solo chileno

Lisboa, 15 jan 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco começou hoje uma viagem de sete dias ao Chile e Peru com um percurso de dezenas de minutos pelas ruas de Santiago, ao longo das quais saudou milhares de pessoas.

O pontífice foi recebido pela presidente cessante, Michelle Bachelet, no aeroporto internacional da capital chilena, numa cerimónia sem discursos.

Após cumprimentar algumas autoridades civis e religiosas, Francisco ouviu uma peça interpretada por uma orquestra sinfónica infantil.

O Papa seguiu depois em veículo fechado para a Paróquia de São Luís Beltrán, que guarda o túmulo de D. Enrique Alvear, auxiliar da Arquidiocese de Santiago, que ficou conhecido como o “bispo dos pobres”.

A paróquia foi tomada em 1981 por um grupo de fiéis, em protesto contra detenções levadas a cabo pelo regime militar de Augusto Pinochet.

O Papa quis rezar em silêncio, durante alguns momentos, do local que guarda os restos morais de D. Enrique Alvear, falecido em 1982, aos 66 anos de idade, destacou-se pelo seu “notável trabalho em favor dos mais necessitados”, assinala o site oficial da visita papal ao Chile.

O prelado foi um defensor dos Direitos Humanos, durante o regime de Pinochet.

Após a oração, Francisco voltou a percorrer as ruas de Santiago, em veículo fechado e em papamóvel, até à Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé), onde fica hospedado até quinta-feira, dia em que parte rumo ao Peru.

O pontífice saudou durante vários minutos as pessoas que se reuniram diante da representação diplomática na capital chilena, no momento em que houve maior proximidade com a população, neste início de visita.

À chegada do Papa a Santiago, dezenas de pessoas protestaram por causa dos escândalos de abusos sexuais que envolveram membros da Igreja, em particular contra o bispo de Osorno, acusado de esconder alguns casos; na última sexta-feira, houve ataques contra quatro igrejas.

O porta-voz do Vaticano adiantou que o Papa se vai encontrar a 18 de janeiro com “duas vítimas da repressão dos anos 70” do século XX, na cidade andina de Iquique (1200 quilómetros a norte de Santiago), que recebe um pontífice católico pela primeira vez na história.

Greg Burke informou ainda que o Papa vai almoçar com 9 membros do povo mapuche na localidade de Temuco (cerca de 600 quilómetros a sul da capital), a 17 de janeiro.

Durante as celebrações a que o Papa vai presidir no país sul-americano, os participantes vão rezar pelos indígenas mapuches, pelos agricultores e os imigrantes.

Os católicos representariam 74% dos 18 milhões de habitantes do Chile, segundo estatísticas divulgadas pelo Vaticano; os dados da pertença religiosa variam entre as diferentes pesquisas realizadas no Chile, mas todas revelam uma tendência de diminuição entre os que se declaram católicos.

A Igreja Católica no Chile enfrenta as consequências de casos de abusos sexuais cometidos por membros do clero ou em instituições da Igreja Católica.

Burke, diretor da sala de imprensa da Santa Sé, referiu que não está previsto na agenda oficial do Papa qualquer encontro com vítimas de abusos, mas sublinhou que os melhores encontros acontecem “em privado”, nestes casos.

O Chile recebe um Papa mais de 30 anos depois da visita de São João Paulo II, em 1987; o mesmo Papa esteve por duas vezes no Peru: em fevereiro de 1982 e maio de 1988.

OC

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