Coimbra inicia grupo de voluntariado missionário

10 jovens partiram esta Quinta-feira, rumo ao Brasil, para um projecto no nordeste do país, junto de congregações religiosas A chegada, os rostos e o primeiro contacto estão no pensamento de Sónia Santos. Rostos do Nordeste brasileiro que estarão à sua espera, para um mês de voluntariado missionário. Recém-licenciada em enfermagem, Sónia Santos há muito que acalentava o desejo de partir em missão, dando continuidade aos pequenos projectos de animação que desenvolvia na sua paróquia. A missão em si é o aliciante. Não por ser o Brasil, mas o significado da missão, somado à possibilidade “de pôr em prática os meus conhecimentos de enfermagem”, inserida nos projectos da pastoral da saúde. O confronto com uma realidade diferente da sua é um desafio que Sónia assume querer viver. “Sei que me vou sentir muito pequena diante do que vou encontrar, mas quero ir e poder participar na ajuda pois lá há muito para fazer”. A Diocese de Coimbra dá neste momento os primeiros passos com um grupo de voluntariado missionário. Um projecto que há dois anos “andava a ser cozinhado”, explica à Agência ECCLESIA o Pe. Luís Miranda, Coordenador Diocesano da Pastoral das Vocações, que se estreia em acções de voluntariado além fronteiras. O sacerdote acompanha um grupo de 10 jovens numa missão de um mês, em Chapadinha, no estado do Maranhão, Nordeste do Brasil. O desafio começa a 31 de Julho, no aeroporto Sá Carneiro. Com cariz marcadamente diocesano, o grupo Missionário João Paulo2 de Coimbra nasceu para “ser uma ponte de voluntariado entre a diocese e o trabalho que a congregação religiosa realiza no Brasil”. O Pe. Luís Miranda refere-se às Irmãs Criaditas dos pobres que, há ano e meio atrás, rumaram ao Brasil para, juntamente com os padres missionários da Boa Nova, desenvolverem o seu carisma no nordeste brasileiro. O espírito do anterior Papa influenciou a vida dos participantes do grupo missionário. “Somos todos da geração João Paulo II e o seu jeito de ser marcou-nos”, explica o sacerdote. Os desafios lançados pelo Papa aos jovens e o seu estilo “de estar, próximo, acolhedor e compreensivo” ditou o baptismo do grupo. Durante um mês, os jovens vão participar em acções pastorais na área da saúde, em formação na área de higiene pública, em catequese de crianças, jovens e adultos, entre outras acções desenvolvidas em Chapadinha. O sacerdote de Coimbra recorda uma grande expectativa no lançamento do projecto. Mas regista uma maior surpresa na adesão de 17 jovens. A caminhada de formação durou cerca de um ano, que compreendeu teologia, mas também aprofundamento de aspectos pastorais e espirituais. “Detivemo-nos em documentos sobre a missão, sobre a realidade social e eclesial da região para onde vamos e ainda sobre o carisma das Irmãs Criaditas dos pobres”, para uma plena integração. O mês será dedicado a trabalho voluntário mas carregado de vivência comunitária, fundamentadas na partilha dos bens, da oração e de vida. O sacerdote sublinha que “mais do que fazer, vamos estar e aprender”. O mês no Brasil pretende dar início a um projecto que se prevê de longa cooperação, não apenas “um episódio”, explica, acrescentando que talvez seja possível estender as viagens por mais tempo. Diante dos dramas sociais “profundamente marcados no local”, o grupo vai com o objectivo de “estar, levando a proximidade da fé”. O choque cultural vai, inevitavelmente, desencadear “um confronto nos portugueses para que valorizem mais o que é essencial”. Mas este projecto, sublinha, pretende ser o princípio de uma ponte “com profundidade” a construir. “O futuro lançará outros desafios”. Sónia Santos questiona se poderá “fazer algo em concreto”. O concretizar de objectivos e abrir caminho para projectos futuros correm-lhe no pensamento. “Este é um projecto que está já a ser desenvolvido lá e não é uma actividade de um mês”, valoriza, acrescentando que “se prevêem frutos”. No Brasil vive-se uma expectativa muito grande. “Querem que cheguemos e depressa”, conta o Pe. Luís Miranda. Mas há ainda uma provocação que chega aos brasileiros. “Porque é que 10 jovens tendo tudo em Portugal, deixam isso para ir estar com eles durante um mês?” é a pergunta que ecoa em Chapadinha. A Portugal chega um outro pedido. “Eles têm um grande carinho por Nossa Senhora de Fátima e pedem que levemos algo”, explica o sacerdote. Estreante em acções de voluntariado missionário, o Pe Luís Miranda aponta o anseio de levar ânimo aos outros cristãos. “Há missão cá, e essa vou-a fazendo no exercício do meu ministério”, aponta. Mas explica que “não podemos ser indiferentes à miséria do povo de Deus, que nos interpela”. O grupo vive momentos de grande cumplicidade e união. Sónia Santos regista que “fomos crescendo juntos ao longo do tempo, aproximámo-nos nas dificuldades e nos projectos para chegarmos à partida”. O sentido comum da partida e do “fazer, congrega-nos numa vontade de estar bem em grupo”, afirma a jovem. Um projecto a acompanhar em www.missaojp2.blogspot.com

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