Cultura: Responsável do Vaticano promete pavilhão «estrondoso» na Bienal de Arquitetura de Veneza

Souto de Moura desenha capela nesta presença inédita da Santa Sé

Lisboa, 01 fev 2018 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé) referiu à Agência ECCLESIA que a primeira presença da Santa Sé na Bienal de Arquitetura de Veneza, a partir de maio, quer deixar uma marca significativa neste evento.

“A Santa Sé estará presente em Veneza com um dos pavilhões mais estrondosos”, referiu o cardeal Gianfranco Ravasi, não com maquetes ou desenhos, mas com 10 capelas numa “ilha belíssima”, San Giorgio Maggiore, num bosque com vista para o mar.

A participação inédita vai ser feita através da construção de capelas projetadas por arquitetos de diversas partes do mundo, incluindo uma do arquiteto português Eduardo Souto de Moura, vencedor do prémio Pritzker.

“Convido os portugueses que forem Veneza, entre maio e novembro, a visitar, numa peregrinação, porque estão distribuídas como numa peregrinação, estas dez capelas no bosque, e a ver a do seu compatriota”, disse o cardeal Ravasi.

A Santa Sé vai marcar presença na 16ª edição da mostra internacional, de 26 de maio a 25 de novembro deste ano, e a inspiração para o pavilhão é a “Capela no Bosque”, construída em 1920 por Gunnar Asplund no cemitério de Estocolmo.

O ‘ministro’ da Cultura do Vaticano recorda que várias grandes “estrelas” da arquitetura construíram igrejas, como Mario Botta, Siza Vieira ou, Renzo Piano.

“Este diálogo existe, mas quisemos, pela primeira vez, institucionalizá-lo”, assinala, a respeito da inédita presença em Veneza.

D. Gianfranco Ravasi considera que “em rigor, o diálogo entre arte e fé se interrompeu no último século, já no final do século XIX”, quando “a arte ficou por sua conta, autorreferencial, não quis ter nada a ver com os grandes símbolos religiosos”.

No caso da arquitetura, porém, “o diálogo foi mais fácil”, porque existia o desejo de “estudar o espaço em relação com a sacralidade”.

Bienal de Arquitetura de Veneza (foto de arquivo)

“As próprias origens da cidade, da comunidade de pessoas, aconteceram, como dizia Mircea Eliade, definindo o centro: o templo e o palácio real. O templo, em primeiro lugar, a área sacra”, acrescentou o presidente do Conselho Pontifício da Cultura.

No caso da arquitetura, persistiu a vontade de estudar este “casamento” entre cidade e sagrado, “onde existe algo de absolutamente gratuito”.

A presença da Santa Sé na Bienal de Arquitetura de Veneza é promovida diretamente pelo cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, com curadoria de Francesco Dal Co, historiador italiano de arquitetura.

No projeto e na realização das estruturas vai ser tida em consideração a possibilidade de reutilizar as capelas depois da exposição.

Segundo o site especializado ‘Archdaily’, os outros arquitetos convidados são Carla Juaçaba, Brasil; Smiljan Radic, Chile; Javier Corvalán, Paraguai; Eva Prats & Ricardo Flores (Flores & Prats), Espanha; Sean Godsell, Austrália; Norman Foster, Reino Unido; Andrew Berman, Estados Unidos da América; Teronobu Fujimori, Japão; Francesco Cellini, Itália.

OC

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