Ecumenismo: «Número 2» do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo defende ação política para proteger cristãos no Médio Oriente

Metropolita Hilário Alfeyev já visitou Fátima e vai falar em Lisboa

Fotografias de estúdio da Imagem de Nossa Senhora de Fátima

Lisboa, 19 set 2018 (Ecclesia) – A segunda figura do Patriarcado Ortodoxo de Moscovo defendeu a implementação de medidas políticas para proteger cristãos no Médio Oriente.

“Se quisermos proteger o Cristianismo no Médio Oriente, temos de implementar medidas extraordinárias, não apenas de natureza humanitária, mas também de natureza política”, disse Hilário Alfeyev, em entrevista à Rádio Renascença.

O secretário-geral do Departamento para as Relações Externas da Igreja Ortodoxa russa questiona a atitude do Ocidente em relação ao regime sírio.

“Eu não sou especialista em política, mas posso dizer que o grão-mufti da Síria vai encontrar-se com o nosso patriarca [Cirilo I]. Ele, como muitos outros líderes religiosos na Síria, diz que se o regime de Assad cair não há futuro para o Cristianismo”, adverte.

Hilário considera necessário sublinhar o papel do Cristianismo na construção da Europa, para evitar que o continente perca a sua “identidade”.

“Não consigo imaginar o futuro da Europa sem o Cristianismo. Embora haja muitos políticos e filósofos que acreditam que a Europa sobrevive sem o Cristianismo, não creio”, precisa.

O responsável reconhece a melhoria nas relações entre Moscovo e Roma, depois de o Papa Francisco e Cirilo I se terem encontrado em Cuba, em fevereiro de 2016.

“O principal fruto deste encontro foi o abrir de uma nova página nas nossas relações. Nunca um patriarca de Moscovo se tinha encontrado com um Papa de Roma”, assinala.

O responsável pelas relações externas da Igreja Ortodoxa russa fala ainda do incómodo causado pela posição assumida pela Igreja Greco-Católica no atual conflito com a Ucrânia.

“Nós pedimos repetidamente que a Igreja Greco-Católica se abstenha de intervir politicamente no que se passa na Ucrânia. O atual conflito é civil, mas tem uma dimensão internacional, uma vez que também afeta as relações entre a Rússia e a Ucrânia. Acreditamos que a religião não deve ser usada pelas partes em conflito, que as Igrejas devem desempenhar um papel pacificador, de paz e reconciliação”, declarou Hilário Alfeyev.

O metropolita ortodoxo visitou hoje o Santuário de Fátima, onde se encontrou com o cardeal D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, o qual agradeceu o “testemunho que a Igreja Ortodoxa Russa tem dado no sentido de fomentar as boas relações entre as duas Igrejas”.

D. António Marto disse que segue “sempre com interesse a relação entre a Igreja Patriarcal de Moscovo e a Santa Sé, nomeadamente quando o metropolita Hilário Alfeyev visita o Papa Francisco”.

“Sei que tem havido um florescimento do cristianismo na Igreja ortodoxa Russa, e desse modo vivemos um momento de importante colaboração entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica na Europa para defender os grandes valores cristãos”, reiterou o cardeal, numa declaração enviada à Agência ECCLESIA pela sala de imprensa do Santuário de Fátima.

O metropolita Hilário vai proferir hoje uma conferência sobre a relação entre a Igreja Ortodoxa Russa e os cristãos do Médio Oriente, às 18h30, na Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa.

OC

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