Eutanásia: Bispos franceses apelam a reflexão «serena» e acesso generalizado a cuidados paliativos

118 prelados assinaram «Fim de vida: Sim à urgência da fraternidade»

Lourdes, 23 mar 2018 (Ecclesia) – Os bispos franceses assinaram uma declaração contra a eutanásia, onde apelam à reflexão “serena”, evitando “armadilhas”, e assinalam que os cuidados paliativos não estão “suficientemente desenvolvidos” e as possibilidades apresentadas num país de desigualdades no acesso à saúde.

Uma declaração assinada por 118 bispos prelados da Conferência Episcopal francesa, com o nome «Fim de vida: Sim à urgência da fraternidade», os subscritores apela a uma reflexão conjunta “com a maior calma possível, evitando as armadilhas das paixões e pressões”.

Na missiva, publicada esta quinta-feira, os bispos enaltecem os profissionais de saúde que, “graças à sua competência técnica e sua humanidade” procuram proporcionar “uma qualidade de vida” o mais tranquila possível apesar da falta de “conhecimento” e “desenvolvimento”.

“Esse cuidado não está suficientemente desenvolvido e as possibilidades de aliviar o sofrimento em todas as suas formas não são suficientemente conhecidas. É urgente combater essa ignorância, uma fonte de medos que nunca são bons conselheiros”, suscitam.

O acesso aos cuidados de saúde e a “falta de capacitação oferecida à equipa médica e de enfermagem” é uma realidade apontada pelos prelados franceses que urgem a concretização da lei de 9 de junho de 1999, que consagra o acesso de “qualquer pessoa necessitada” aos cuidados paliativos.

A carta refere que “os irmãos e irmãs” em situação de fragilidade são uma interpelação à forma como a sociedade trata o ser humano: “que humanidade, que atenção, que tipo de solicitude mostraremos àqueles que vivem entre nós?”

Os bispos referem que em 2016 foi aprovada uma lei sobre o fim de vida e que a sua aplicação “está em grande parte em construção”, requerendo, por isso, tempo.

“Mudar a lei mostraria falta de respeito não apenas pelo trabalho legislativo já realizado, mas também pelo envolvimento paciente e progressivo dos cuidadores”.

Lembram os bispos a importância de “salvaguardar a vocação da medicina”, de acordo com o Código de Ética Médica.

O documento questiona ainda a relação que deve pautar “pacientes, familiares e cuidadores” e indicam que à “angústia daqueles que às vezes pedem o fim de sua vida” se deve responder com um “acompanhamento mais atento, não um abandono prematuro do silêncio da morte”.

Os bispos assinalam que a “fraternidade” que inspirou o “sistema de saúde solidário no final da Segunda Guerra Mundial” deve ser relembrado aos “concidadãos” e “parlamentares” para que a sociedade continue a cuidar “uns dos outros de forma individual e coletiva”.

LS

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