Eutanásia: Presidente da Cáritas lamenta falta de união parlamentar em compromissos de regime para dignificar vidas humanas

Eugénio Fonseca assinala falta de «legitimidade democrática» porque legislação sobre eutanásia «não foi apresentada em programas eleitorais»

Lisboa, 26 mai 2018 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Portuguesa pediu hoje aos deputados que trabalhem a favor de “políticas públicas” geradoras de dignidade humana, de um “Serviço Nacional de Saúde eficaz”, de “habitação condigna” e que rejeitem a eutanásia.

“Utilizem o mandato que vos foi dado para a criação de políticas legislativas que gerem mais postos de trabalho e com dignidade; que tornem mais eficaz o Serviço Nacional de Saúde de modo a que todos tenham acesso a cuidados de saúde necessários e atempados”, escreveu Eugénio Fonseca num texto publicado na Agência ECCLESIA.

 Pede o responsável uma “habitação condigna” para todos, que “se acabe com a pobreza em que vivem mais de dois milhões de portugueses” e que as políticas públicas promovam a “corresponsabilidade cidadã, expressa no reconhecimento e valorização do voluntariado”.

“Ficarei muito triste se vierdes a unir-vos por causa deste problema e nunca terdes sido capazes de responder a apelos de compromisso de regime para viabilizar soluções que tanto sofrimento têm causado a muitos concidadãos”, sublinha o responsável pela organização de ação social da Igreja católica.

Recorda Eugénio Fonseca que os deputados não têm “legitimidade democrática” para legislar sobre a eutanásia pois esta intenção não foi apresentada em “nenhum dos programas eleitorais, com exceção do PAN”.

Reconhecendo não ser um tema fácil, o presidente da Cáritas indica que a razões para ser contra a eutanásia não se prendem com as suas “opções religiosas” mas são “alicerçadas em experiências de vida”.

 Eugénio Fonseca dá conta de “dois anos horríveis” que viveu na última década quando adoeceu “gravemente” e a “morte chegou a fazer-se anunciar”.

“Foram muitos e exigentes os atos clínicos a que fui submetido, com as inerentes dores físicas. Não me lembro da intensidade de alguma. Bastava dizer que sentia dor e aparecia o analgésico adequado”, recorda.

 Durante este período, o responsável sublinha a “dedicação extremosa” de auxiliares, enfermeiros e médicos que “passaram noites à cabeceira” e “arriscaram tudo” para o libertar da morte e alimentar a esperança da cura.

 Devo a minha sobrevivência a todos os que, nos serviços de cirurgia, cuidados intensivos, urologia e oncologia me olharam e sorriram com ternura, me deram palavras encorajadoras”, escreve, sem esquecer a presença da família, “a visita reconfortante de muitos amigos e conhecidos, o monte de cartas de pessoas que, vivendo longe, não deixaram de se fazer presentes através daquelas missivas carregadas de afabilidades”.

 Eugénio Fonseca escreve que lhe chegam lamentos de “excluídos, explorados, «resíduos», «sobras», os descartados desta sociedade” afirmando “já não aguentar tanta dor”, mas, dá conta o responsável pela Cáritas, “quando as angústias resultam de injustiças estruturais, a superação das mesmas está em medidas de governação que garantam a defesa e o cumprimento dos direitos humanos fundamentais”.

LS 

Legalização da eutanásia? Comigo não contem!

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