Eutanásia: Médicos católicos rejeitam «prática atentatória da vida humana»

Profissionais lembram que a sua missão consiste em cuidar da saúde das pessoas

Lisboa, 03 nov 2016 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) classificou a discussão sobre a legalização da eutanásia como sinal de “uma perda de sentido da vida humana”, unindo-se à posição recente do Bastonário da Ordem dos Médicos.

“A sociedade civil não pode nem deve contribuir para que, em nome de uma ilusória autonomia e de uma distorcida noção de liberdade (que abre caminho ao individualismo egoísta e à indiferença para com os outros) seja tornado lícito o que é ilícito, instaurando uma autêntica cultura da morte”, realçou a AMCP num comunicado enviado à Agência ECCLESIA.

Em outubro, o atual Bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, em conjunto com vários dos seus antecessores no cargo, como António Gentil Martins, Carlos Soares Ribeiro, Germano Sousa e Pedro Nunes, assinaram uma carta onde realçam que a eutanásia “não é mais do que tirar a vida”.

“O médico que as pratique nega o essencial da sua profissão, tornando-se causa da maior insegurança nos doentes e gerador de mortes inaceitáveis”, escreveram na altura os signatários do documento.

A reação dos médicos surgiu depois do primeiro caso de eutanásia infantil na Bélgica, onde esta prática não tem limite de idade, e depois do Bloco de Esquerda levar ao Parlamento uma petição pelo “direito a morrer com dignidade”, com mais de oito mil assinaturas.

Os médicos católicos unem a sua voz à Ordem dos Médicos “no repúdio da prática da eutanásia” sublinhando que ela é “atentatória da dignidade da vida humana e, por consequência, da dignidade da ação médica”, naquela que é a missão “de cuidar da saúde das pessoas” e zelar por “uma autêntica cultura da vida”.

“Os Médicos, no cumprimento dos princípios da Ética, consignados em todos os Códigos de Ética Médica, nomeadamente no seu Código Deontológico, não podem nem devem ir contra aquilo que é o essencial da sua profissão”, frisa a AMCP, que destaca ainda as implicações legislativas que poderiam decorrer da eventual legalização da eutanásia.

“Qualquer lei que, em vez de se orientar no sentido da prestação de bons cuidados de saúde a todos os cidadãos, atentasse, de qualquer forma, contra a vida levaria o Estado a eliminar a defesa e a proteção das pessoas, direitos consagrados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição da República Portuguesa”, pode ler-se.

Depois de ter apresentada a referida petição, o Bloco de Esquerda prepara-se para avançar nos primeiros meses de 2017 com um projeto de lei para legalizar a morte assistida, onde incluem o suicídio assistido e a eutanásia.

JCP

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