Eutanásia: Oferecer a morte ao sofrimento é redutor, retrogrado e ultrapassado – Isabel Galriça Neto

Diretora de Unidade de Cuidados Paliativos rejeita expressão «morte assistida»

Lisboa, 17 abr 2016 (Ecclesia) -. A diretora da Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos do Hospital da Luz, em Lisboa, considera ser urgente um debate “amplo, sereno, esclarecedor” sobre a eutanásia e alerta que falar de morte assistida “induz a equívocos” e é pouco esclarecedor.

“Morte assistida é um equívoco, é um branqueamento do termo eutanásia porque, no limite, morte assistida por cuidados médicos devidos é o que todos queremos ainda que não queiramos que a morte nos seja precipitada e provocada”, disse Isabel Galriça Neto.

À Agência ECCLESIA, observa que os termos têm de ser usados de forma clara para “não dar origem a equívocos”, uma vez que o que todos querem “é vida assistida”.

“Queremos ter direito a bons cuidados de saúde que proporcionem um fim de vida digno, não é igual a dizer que a morte nos seja provocada”, assinala.

Segundo a médica especialista, os Cuidados Paliativos têm de ser “um direito de todas as pessoas” quando estão em situações de doença grave e de sofrimento porque a eutanásia não é a resposta para o sofrimento e a medicina tem respostas.

Isabel Galriça Neto explica que os cuidados paliativos não fazem com que as pessoas morram como vegetais, nem intoxicadas em morfina.

Às pessoas que estão em sofrimento e em fim de vida é preciso ter-se “muito mais” para oferecer “do que a morte” que é “profundamente redutor, retrogrado e ultrapassado”.

“Não é nem inovador, nem moderno. Uma sociedade moderna mede-se pela forma como trata os mais vulneráveis, aqui é simplesmente tratá-los como lixo”, alerta.

Para a entrevistada quando se invoca o sofrimento como justificação para legalizar a eutanásia essa justificação “vai-se alargando, alargando” e passa a ser usada também em caso como “doença psiquiátrica, deficiência, situações de estar cansado de viver”.

“A sociedade se tem que interrogar se efetivamente quer esta resposta”, alerta.

Para a deputada do CDS-PP, o debate sobre a eutanásia não é uma “prioridade”, mas é preciso que “se faça debate sobre a forma como se morre, como se vive o fim de vida e como é que os cuidados de saúde são prestados a estas pessoas”.

A médica comenta ainda que o “pretenso direito a ser morto” tem implicações na sociedade e no bem comum.

Isabel Galriça Neto é uma das entrevistadas do programa ‘70×7’ (RTP2) que vai ser transmitido hoje às 13h30, tendo como pano de fundo a recente nota pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Eutanásia, tema em destaque na mais recente edição do Semanário ECCLESIA.

PR/CB

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