Igreja/Media: Papa escolhe «fake news» como tema do próximo Dia Mundial das Comunicações Sociais

Responsáveis nacionais sublinham atualidade da questão

Cidade do Vaticano, 29 set 2017 (Ecclesia) – O Vaticano anunciou hoje que o Papa escolheu o tema das ‘fake news’ como centro da reflexão para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2018.

«A verdade vos tornará livres » (Jo 8, 32). Notícias falsas e jornalismo de paz» é a proposta completa que Francisco faz para a 52ª edição desta iniciativa anual, fruto do Concílio Vaticano II.

A Secretaria para a Comunicação do Vaticano considera, em comunicado, que a difusão de notícias falsas alimenta uma “forte polarização” da opinião pública, apontando o dedo à “distorção instrumental dos factos”.

“Num contexto em que as empresas de referência da social web e o mundo das instituições e da política começaram a enfrentar este fenómeno, também a Igreja quer oferecer um contributo, propondo uma reflexão sobre as causas, as lógicas e as consequências da desinformação nos media”, assinala o organismo da Santa Sé.

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais disse à Agência ECCLESIA que esta é uma "realidade premente".

"Estamos numa cultura de opinião, de descarte e a Igreja tem obrigação de reconhecer que há uma verdade a alcançar”, assinalou D. João Lavrador, no final das Jornadas Nacionais da Comunicação Social.

O responsável considera que “unir a verdade com uma comunidade verdadeiramente honesta, séria”, em sentido de verdadeiro jornalismo e “conjugar com a paz” “é fundamental”.

“É esse conjunto que nos pode levar para uma comunicação ao serviço do ser humano e para a valorização do ser humano”, acrescentou. D. João Lavrador.

O bispo de Angra observa que “é um perigo” a comunicação social ser levada para a notícia falsa e “não para a verdadeira notícia”.

“A opinião pessoal embora tenha valor mas se não é bem enquadrada pode levar para desvirtuar o que é o sentido da realidade ou o sentido da verdade e podemos entrar na falsidade”, desenvolveu o presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

Já D. Nuno Brás, vogal da referida comissão, considera que o tema “é importante” e recorda, que como foi referido nas jornadas, “notícias falsas sempre existiram”, e “não é propriamente um drama e invenção das redes sociais”.

O  membro da Secretaria para a Comunicação da Santa Sé realça que a verdade está, “obviamente, relacionada com a paz”.

“A verdade traz como consequência a paz; sermos buscadores da verdade e sujeitarmos aquilo que somos é uma obediência à verdade traz consigo, não querermos impor aos outros mas estarmos todos à procura”, desenvolveu o bispo auxiliar de Lisboa.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se no domingo antes do Pentecostes (13 de maio em 2018).

A mensagem do Papa é tradicionalmente publicada na véspera da festa litúrgica de São Francisco de Sales, padroeiro dos jornalistas, no dia 24 de janeiro.

Esta manhã, Francisco recebeu os membros do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, falando da mudança cultural provocada pelas tecnologias da comunicação, que colocou em evidência “a falta de uma verdadeira relação interpessoal e interesse pelo outro”.

“É importante, por isso, que saibamos penetrar no coração da nossa gente, para descobrir o sentido de Deus e do seu amor que oferece a confiança e a esperança de olhar em frente com serenidade”, declarou.

CB/OC
Notícia atualizada às 16h20

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