Évora: «Se for irrelevante, é desnecessária a fé cristã», afirma arcebispo da arquidiocese

Testemunhos de vida partilhados na iniciativa «Évora Talks» mostram como a fé faz optar

Évora, 10 nov 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Évora, D. Francisco Senra Coelho, afirmou esta sexta-feira que se a fé for “irrelevante”, torna-se “desnecessária”.

“A nossa fé não é uma questão ideológica, é uma vida, um modo de ser pessoa. Interessa-nos descobrir vidas fascinadas, que tem Cristo como horizonte, que olham para ele como referência quando têm de tomar decisões na vida, pessoas que resolvem cristãmente as dificuldades”, afirmou o arcebispo à Agencia Ecclesia a propósito do encontro «Évora Talks», este ano com o tema «Por onde tens andado?»

A iniciativa, numa organização conjunta das Equipas Jovens de Nossa Senhora, das Equipas de Casais de Nossa Senhora, da Pastoral Juvenil e da Pastoral Universitária da Diocese de Évora, deu voz a seis experiências de vida.

“Nada melhor do que ir à vida concreta de cada pessoa e perguntar-lhes: «O que tens feito?»”, reconhece D. Senra Coelho.

“Se for irrelevante é desnecessária a fé cristã”, complementa o responsável que acredita que iniciativas semelhantes mostram “referências, testemunhos” e tornam-se “importantes” para ajudar a perceber que ser cristão é uma “forma de vida”.

Convidada para ser conferencista, a irmã Maria de Fátima Magalhães, da Companhia de Santa Teresa Jesus, partilhou o “maior raspanete da sua vida”, dado pela Santa Madre Teresa de Calcutá.

“O maior raspanete da sua vida, recorda, foi da Madre Teresa de Calcutá: “Um pobre chegou a pedir comida, porque tinha fome. A Madre Teresa tinha sempre uma mesa com comida. Eu coloquei alguns num saco, não estive a ver se era carne, peixe, ou fruta. A madre Teresa disse-me «Tu davas isto a Jesus? Em cada pobre está Jesus, e a Jesus dá-se o melhor». Voltou comigo à cozinha e em vez de duas sandes de carne, pôs uma de carne e outra de peixe, pôs dois bolos e duas peças de fruta, em vez de sumos, pôs um sumo e três garrafas de água”.

Em Elvas, onde desenvolve o projeto «Prevenir e Remediar», com 100 voluntários e várias valências, contou à Agência ECCLESIA, o trabalho que a cada noite a leva à rua para “dar de comer aos pobres ou conversar com prostitutas” ou quando entra nas prisões para ali “encontrar Deus”.

“Tenho encontrado verdadeiros místicos e tenho descoberto que Deus não desiste de ninguém”, reforça a religiosa.

Mariana e Filipe Pinto, são casados há 15 anos, e levaram ao «Évora Talks» a sua experiência de casal, num caminho “com amor e desafios, com doenças e crises de casal”.

“Vivemos no hoje com a realidade que temos. E isso é graça sempre, mesmo os momentos de fragilidade e sufoco, é muito bonito e interpelador o caminho que queremos fazer juntos”, destaca à Agência ECCLESIA, Filipe Pinto.

Responsável pelo grupo «Ao 3º Dia», que integra pessoas com doença grave ou crónica, observa a importância de ver as opções tomadas diariamente como decisões em “direção a Deus”.

“Ver as coisas não como um obstáculo mas como um desafio a ir mais fundo, a crescer com uma situação que surge e não se escolhe, a aceitar e crescer como família”.

A experiência de missão foi trazida à noite «O que tens feito» por Madalena Perloiro, que esteve em São Tomé e Príncipe um ano pela associação Leigos para o Desenvolvimento.

À Agência ECCLESIA conta como quando terminou a licenciatura percebeu que “não tinha pressa para continuar os estudos”.

“Andei por África a missionar com os leigos com o desejo de servir e de estar, de uma maneira simples, a servir uma comunidade entre pessoas que não conhecia. Sai da minha zona de conforto e procurei viver mais ao jeito de Jesus”.

Para o responsável pela Pastoral Juvenil na Arquidiocese de Évora, o padre Fernando Lopes, “a fé sente-se na fé”.

“É dessa forma que pretendemos que quem escuta, perceba que pode também estar a dar testemunho”, e é desta forma que “os jovens devem levar Jesus a outros jovens”.

CB/LS

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