Guarda: O dia em que o bispo diocesano trocou a mitra pelo capacete

D. Manuel Felício visitou o complexo mineiro da Panasqueira

D. Manuel Felício

 

Minas da Panasqueira, 19 jan 2018 (Ecclesia) – O bispo da Guarda visitou as Minas da Panasqueira esta quarta-feira para recordar a padroeira dos mineiros, benzer uma máquina que vai melhorar as condições de trabalho e estar com quem “não valoriza apenas a dimensão material da vida”.

A visita estava marcada para 4 de dezembro, o dia litúrgico de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros, mas a agenda não permitiu e D. Manuel Felício foi agora ao complexo mineiro onde se explora o volfrâmio considerado o melhor do mundo.

À entrada da mina, o bispo da Guarda presidiu a uma oração diante do nicho de Santa Bárbara, pediu a sua proteção para todos os que diariamente passam diante da padroeira dos mineiros antes de uma jornada de trabalho.

Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Manuel Felício disse que “todos os anos” procura passar pelas minas, onde encontra “gente acolhedora” que “escuta com muita atenção e que dá valor ao esforço que a Igreja faz no seu acompanhamento”.

“São pessoas que não valorizam apenas a dimensão material da vida, mas vão valorizando a outra dimensão, a espiritual”, acrescentou o bispo da Guarda.

As minas da Panasqueira estão em laboração há 130 anos e foi na Segunda Guerra Mundial que viveram um grande crescimento impulsionado pela procura do volfrâmio a que o esforço de guerra obrigava.

Atualmente o volfrâmio continua com muita procura, sendo o das Minas da Panasqueira considerado o melhor do mundo, procurado para enriquecer o volfrâmio chinês, de menor qualidade.

O complexo mineiro da Panasqueira chegou a ser habitado por 10 mil pessoas, nos anos 40 do século XX, e atualmente continuam a chegar muitas pessoas, vindas de todas as partes do país, para trabalhar na exploração do minério, dando à localidade dinamismo que não se encontra na região.

A densidade populacional motivou a presença da estruturada da Igreja Católica, hoje a cargo do padre André Roque, capelão da Panasqueira e pároco de localidades vizinhas.

“Estão aqui famílias de muitos pontos do país, vieram para aqui para trabalhar e ganhar o pão de cada dia e eu procuro estar atento às suas necessidades”, disse o sacerdote da diocese da Guarda.

Diante de um trabalho “duro, árduo e perigoso”, o padre André Roque quer colocar a fé no meio dessa realidade, levando uma “palavra de conforto”, sobretudo “aos que já sofreram acidentes”.

Depois de visitar diversas estruturas deste complexo mineiro, o bispo da Guarda presidiu à Eucaristia celebrada na Igreja da Barroca Grande, participada por muitas crianças que fazem a sua preparação cristã no Centro Pastoral para a Família Mineira.

“As crianças são a grande força a motivar a nossa esperança no futuro”, disse D. Manuel Felício, mostrando a sua satisfação pelo trabalho de Igreja Católica aqui faz.

José Luís, colaborador da mina, técnico de segurança, disse à Agência ECCLESIA que o bispo da Guarda é uma presença sempre “muito aguardada”.

“É sempre bom ter aqui o nosso bispo, é um incentivo para toda esta gente e alguém muito estimado por mineiros e administradores da empresa”, sublinhou.

“Gostaria e tenho esperança que, para o ano, possamos celebrar a missa no interior da mina”, disse José Luís.

HM/PR

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