Gulbenkian: Padre Luís Archer recordado como «pioneiro» da Ciência

Fundação acolhe ciclo de conferências por ocasião do quarto aniversário da morte do padre jesuíta

Lisboa, 08 out 2015 (Ecclesia) ? Um ciclo de conferências na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, homenageia hoje a vida do padre e cientista Luís Archer, falecido há quatro anos, uma figura decisiva para a investigação sobre Genética e Bioética em Portugal.

Em declarações concedidas hoje à Agência ECCLESIA, o presidente da Fundação Calouste Gulbenkian recordou o sacerdote jesuíta como um ?pioneiro? da Ciência mas também um ?pensador? que ?dedicava grande atenção a todos os aspetos da Cultura?.

?O padre Luís Archer, depois de se doutorar, teve uma ligação de cerca de 20 anos com o Instituto Gulbenkian de Ciência, à frente do Laboratório de Biologia Molecular, mas ajudou muito também a Fundação no seu plano de edições e portanto é uma circunstância muito feliz podermos estar associados a esta homenagem?, frisou Artur Santos Silva.

O padre Luís Archer (1926-2011) licenciou-se com 21 anos em Ciências Biológicas, pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, tendo depois entrado na Companhia de Jesus, onde além de Teologia, estudou Humanidades e Filosofia.

Em 1964, saiu para os Estados Unidos da América para estudar Bioquímica e Genética, através da Universidade de Georgetown, onde concluiu um doutoramento em Genética Molecular.

Regressado a Portugal, em 1968, o padre Luís Archer trouxe para o país os últimos desenvolvimentos na investigação em genética molecular e foi responsável pela fundação dos laboratórios de Genética Molecular do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), e do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, ligado à Universidade do Porto.

Mais tarde, envolveu-se ativamente na reflexão e no debate sobre Bioética, tendo sido presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.

Como jesuíta, dirigiu durante vários anos a revista ?Brotéria?, da Companhia de Jesus.

O padre António Vaz Pinto, atual coordenador da publicação, considerou Luís Archer decisivo para a ?reorientação? da revista, nomeadamente da sua secção científica, rumo à ?ciência moderna e atual?.

No entanto, como ?não se limitava a ser um cientista metido no seu laboratório?, o seu trabalho fez-se sentir também de forma ?extraordinária? em toda a publicação, complementou. 

Presente no ciclo de conferências da Gulbenkian, a professora Graça Fialho, da Universidade de Lisboa, acompanhou de perto o padre Luís Archer no IGC, e foi uma das suas primeiras alunas de doutoramento.

Olhando para trás, a docente e investigadora recordou o ?modo muito particular? que o sacerdote tinha para ?transmitir as coisas mais complexas de forma muito acessível?.

Subordinado ao tema ?Da Genética à Bioética ? A vida e obra do Padre Luís Archer?, o ciclo de conferências terá em destaque, esta tarde, o lançamento do primeiro volume da ?Obra Selecta? do sacerdote, editado em parceria com a revista ?Brotéria?, da Companhia de Jesus, e com a Universidade de Lisboa.

Francisco Romeiras, um dos responsáveis pelo projeto, explicou que o objetivo foi preservar um ?legado imprescindível? que marcou gerações de investigadores e o próprio modo como a Igreja Católica olha para a relação entre a Ciência e a Religião.

?Foi muito importante para o diálogo e mesmo em termos de temáticas. Luis Archer escreveu muitos artigos sobre esta suposta incompatibilidade entre Fé e Ciência?, lembrou aquele responsável.

O primeiro volume da ?Obra Selecta? do padre Luís Archer tem como tema a ?História e Filosofia das Ciências?; o segundo será sobre ?Ciência e Religião? e os dois últimos vão ser dedicados à ?Bioética?.

JCP

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