Igreja/Cultura: D. Manuel Clemente homenageia o padre Carreira das Neves no «último adeus»

Cardeal-patriarca presidiu à Missa exequial, no Seminário da Luz

Lisboa, 29 abr 2017 (Ecclesia) – D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, presidiu hoje à Missa exequial do padre Carreira das Neves, falecido esta sexta-feira, que considerou uma figura com “grande aceitação, grande acolhimento”, em vários quadrantes da cultura e da sociedade.

“Era uma figura verdadeiramente nossa”, disse, na homilia da celebração que decorreu no Seminário da Luz, em Lisboa.

D. Manuel Clemente destacou, no percurso do religioso francisco, que morreu aos 82 anos de idade, a “enorme vontade de comunicar e enorme capacidade para o fazer, onde fosse preciso, dentro e fora da esfera eclesial”.

“Não havia nenhum debate que ele recusasse, não havia nenhuma ocasião que ele evitasse”, precisou.

A intervenção começou por sublinhar a importância de compreender “um Deus que se comunica”, no Cristianismo.

“O Verbo fez-se carne e habitou entre nós. Durante mais de 80 anos, esta passagem bíblica teve rosto, nome e figura: o padre Joaquim Carreira das Neves”, declarou.

D. Manuel Clemente recordou que o falecido religioso foi seu professor “de muita coisa”, na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

Antes, em declarações à Agência ECCLESIA, elogiara a pessoa do “amigo, padre e franciscano”, cuja vida foi marcada pela simplicidade, a proximidade e a vontade de “chegar a todos”.

“Não lhe escapava nada e ele também não escapava a ninguém”, realçou o cardeal-patriarca de Lisboa.

D. José Ornelas, bispo de Setúbal e especialista no estudo da Bíblia, falou por sua vez do padre Carreira das Neves como alguém que marcou a vida da Igreja e da Universidade Católica, desde o Vaticano II e o 25 de Abril.

“Ele foi um dos timoneiros dessa mudança, do entendimento da fonte da constante mudança que é a Bíblia”, sustentou.

O prelado evocou um homem “rigoroso e investigador”, constantemente atualizado, que foi “um peregrino da Palavra, da vida, da alegria, da amizade”.

O padre Joaquim Carreira das Neves trabalhou quase até morrer e deixou um livro praticamente concluído sobre São João, evangelista, adiantou à Agência ECCLESIA o frei Armindo Carvalho, superior provincial da Ordem Franciscana em Portugal.

O responsável nacional dos francisco disse que o padre Carreira das Neves foi “um homem sábio”, cujo viver tinha como “fonte” a Bíblia, pelo que o considerava sempre como “o servo da Palavra”.

No Seminário da Luz, o professor Adriano Moreira foi prestar homenagem ao amigo de “muitos anos”, membro da Academia das Ciências, “respeitadíssimo” nos meios eclesiásticos e fora deles.

“Da geração dele, é o que deixa uma obra escrita mais importante na área da Teologia e, sobretudo, na renovação da doutrina em relação ao mundo diferente, e bem diferente, que ele conheceu durante a sua vida”, defendeu.

O padre João Lourenço, franciscano e diretor da Faculdade de Teologia da UCP, recordou a “grande simplicidade” do seu confrade, que fez parte de “uma notável geração de homens, conhecedores do mundo da Cultura, da Teologia”.

Nas Ciências Bíblicas, acrescenta, o padre Carreira das Neves desempenhou um papel “muito importante”, fazendo passar para o espaço público o seu saber, de forma acessível.

Paulo Rocha, diretor da Agência ECCLESIA, evoca por sua vez um “grande mestre da Palavra, da Bíblia, e também um grande mestre da sua comunicação”.

Durante mais de 20 anos de colaboração com a agência de notícias da Igreja Católica e o programa ECCLESIA (RTP2) existiu sempre da parte de frei Carreira das Neves uma “disponibilidade extrema”, com “enorme gosto” em comunicar a sua investigação, refere o jornalista.

Joaquim Carreira das Neves nasceu a 26 de junho de 1934 na Caranguejeira (Leiria) e foi ordenado sacerdote a 13 de julho de 1958; licenciou-se em Teologia em Roma, doutorando-se em Teologia Bíblica na Universidade Pontifícia de Salamanca (1967), sobre a Teologia na tradução grega dos setenta.

Após as exéquias do religioso franciscano, o cortejo fúnebre seguiu para a terra natal de frei Carreira das Neves, onde o seu corpo será sepultado no cemitério local.

CB/OC

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