Igreja: Franciscanos recordam religiosos assassinados pelo «Sendero Luminoso»

Frei Jarek Wysoczanski está em Portugal para falar dos beatos Michele Tomaszek e Sbigneo Strzalkowski

Lisboa, 12 mar 2016 (Ecclesia) – Frei Jarek Wysoczanski, franciscano conventual, está em Portugal para testemunhar o martírio dos beatos Michele Tomaszek e Sbigneo Strzalkowski, assassinados no Peru a 9 de agosto de 1991, pelo movimento guerrilheiro ‘Sendero Luminoso’.

“Sinto que o martírio é como recuperar o início do nosso caminho da fé porque leva-nos sempre à cruz de Jesus, que é ponto de partida. É afirmar que no martírio, que quer dizer testemunho, começa a nossa vida de crentes. Estes mártires de sangue purificam, ajudam-nos a ser testemunhas de Jesus”, referiu à Agência ECCLESIA.

Para o frade polaco, hoje também se vive “o tempo do martírio” e recorda a “triste notícia” da morte de quatro irmãs da Caridade, no Iémen, os mártires do Médio Oriente, da Índia, e “tantos que não se ouvem”.

“Hoje, é um martírio branco, da vida quotidiana, de ser honesto e não corrupto, de ser homem de valores, respeito, responsabilidade, transparência, de procurar o bem comum e não apenas a nossa felicidade”, assinala o responsável pelo Centro Missionário dos Conventuais, que se dedica a animar o trabalho dos religiosos em missão.

Frei Jarek Wysoczanski vivia na comunidade dos também polacos, Michele Tomaszek e Sbigneo Strzalkowski, mortos respetivamente aos 31 e 33 anos, exemplos de vida.

Do primeiro, elogio a sensibilidade e dedicação às crianças e jovens – “um exemplo para um pai ter a capacidade de escuta” – e do segundo, a dedicação “aos doentes, de uma forma muito discreta”.

Até ao início de 1991, apesar de saberem do “ódio geral à Igreja Católica” do ‘Sendero Luminoso’, tinham “consciência que não tocavam na Igreja”, e, em concreto, no trabalho pastoral e social de uma “Igreja pobre, um novo tipo de liderança desde os preteridos, marginalizados” que faziam porque “nunca” receberam “ameaças diretas”.

A 9 de agosto, frei Jarek não estava na serra andina do Peru, na Diocese de Chimbote, mas na Polónia, no casamento da irmã, e recebeu notícia da morte dos seus “padres, irmãos e amigos”, “um momento muito duro”, pela televisão.

“A primeira pergunta foi sempre porquê, onde é que nos tínhamos enganado”, explica, destacando que frei Michele Tomaszek também perguntou o mesmo aos guerrilheiros.

Frei Jarek Wysoczanski regressou ao Peru, onde esteve mais sete anos em Lima, porque tinha de continuar a formação de três postulantes que foram salvos pelos sacerdotes mortos, e “pela resposta dos leigos”, que “decidiram continuar o programa pastoral”, coordenado à distância de “quase 400 quilómetros”.

Os dois mártires foram beatificados no Peru, em dezembro de 2015.

Frei Jarek Wysoczanski vai estar hoje com o seu testemunho, às 21h00, na igreja de São Maximiliano Kolbe, em Chelas, Lisboa, e esta segunda-feira no Instituto Bíblico dos Capuchinhos, em Fátima.

CB/OC

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