Igreja: Livro apresenta memórias das visitas do Papa que não gostava de viajar

Francisco já realizou 17 viagens internacionais e vai estar em Fátima este ano

Roma, 08 jan 2017 (Ecclesia) – O Papa Francisco abordou em entrevista divulgada hoje na Itália as várias viagens internacionais do pontificado, admitindo que, apesar de não gostar de viajar, sentiu necessidade de visitar vários países para estar próximo das pessoas.

“Não gosto muito de viajar e nunca teria imaginado fazer tantas viagens”, confessa, em conversa com o vaticanista italiano Andrea Tornielli, autor da obra ‘Em viagem’.

Em 45 meses de pontificado, o Papa argentino fez 17 viagens internacionais, nas quais visitou o Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia, Geórgia, Azerbaijão e Suécia, bem como as cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).

Um dos próximos destinos é o Santuário de Fátima, que o pontífice vai visitar nos dias 12 e 13 de maio, por ocasião do Centenário das Aparições.

Francisco realizou ainda 12 viagens na Itália, incluindo a primeira visita do pontificado, a passagem por Lampedusa.

O Papa explica que foi precisamente nesta ilha italiana, em 2013, que sentiu que “tinha de ir” ao encontro das pessoas, após a comoção provocada pelas notícias das mortes no Mediterrâneo.

Nesse mesmo ano teve lugar a primeira viagem internacional, ao Brasil, por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude do Rio de Janeiro.

“Depois do Rio, chegou um convite e depois outro. Respondi simplesmente que sim, deixando-me levar, de alguma fora. E agora sinto que tenho de fazer as viagens, visitar as Igrejas, encorajar as sementes de esperança que ali estão”, assinalou.

Francisco admite que as viagens têm um peso físico e, sobretudo, “psicológico”, pela preparação que exigem, mas esse cansaço é compensado pela “riqueza inimaginável” dos testemunhos e das experiências que encontra.

“Quando volto a casa, ao Vaticano, normalmente o primeiro dia depois da viagem é muito cansativo e tenho necessidade de recuperar”, relata.

O Papa diz que não mudou muito a agenda tradicional das viagens pontifícias, limitando-se a eliminar os almoços institucionais quando as visitas têm muitos compromissos, “como acontece quase sempre”.

“Prefiro comer de forma simples e em pouco tempo”, explica.

A entrevista evoca memórias do entusiasmos que o Papa encontrou no Rio de Janeiro, o testemunho inter-religioso no Sri Lanka ou o acolhimento nas Filipinas.

“Ainda me lembro das muitas pessoas que me acolheram em Tacloban, nas Filipinas. Chovia tanto nesse dia: ia celebrar Missa em memória das milhares de mortes provocadas pelo tufão Hayan e por pouco o mau tempo não fazia anular a viagem”, relata.

Apesar das condições climáticas, Francisco foi mesmo ao local, com um impermeável amarelo para se abrigar da chuva, e disse ter ali encontrado “uma alegria verdadeira, apesar da dor e do sofrimento”.

Questionado sobre as poucas viagens no território da União Europeia, o Papa explica que isso não significa “falta de atenção”, mas uma opção por outros destinos, onde as pessoas vivem com “maiores dificuldades.

Em relação à segurança, Francisco admite que rejeitou carros totalmente blindados ou demasiadas barreiras entre si e as pessoas, porque “um bispo é um pastor, um pai”.

“Não temo pela minha pessoa”, realça.

OC

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