Igreja/Media: Arcebispo de Braga critica «normalização da corrupção»

D. Jorge Ortiga realça importância do «jornalismo de paz e de verdade»

Foto: D. Jorge Ortiga (imagem de arquivo)

Braga, 12 mai 2018 (Ecclesia) – O arcebispo de Braga afirmou hoje que a sociedade portuguesa vive “num momento excecional”, onde todos têm “necessidade de prestar contas”, e pede “um jornalismo de paz e de verdade”, evocando o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2018.

“Nos últimos dias temos assistido, nos meios de comunicação social, a um desfiar de histórias e teias de corrupção que chegam até nós graças ao empenho corajoso e dedicado de jornalistas na procura da verdade e de uma sociedade mais justa”, referiu D. Jorge Ortiga, na homilia que pronunciou na Basílica dos Congregados.

Na intervenção, enviada à Agência ECCLESIA pelo Departamento para Comunicação Social da Arquidiocese de Braga, o prelado realçou que sem o jornalismo, e em particular o jornalismo de investigação, essas “histórias não teriam chegado à esfera pública”.

“O jornalismo é necessário e um dos alicerces fundamentais numa sociedade democrática. Refiro-me ao jornalismo protagonizado pelo profissional que dignifica o código deontológico a que está sujeito”.

D. Jorge Ortiga considera que se assiste “a uma necessária e há muito esperada mudança” de capítulo na jovem democracia portuguesa.

“A passagem de uma certa aceitação e normalização da corrupção, ainda que encapotada, a uma sociedade mais transparente, com maior responsabilidade ética, onde todos temos necessidade de prestar contas”, desenvolveu.

‘«A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz’ é o tema da mensagem do Papa Francisco para o 52.º Dia Mundial das Comunicações Sociais que a Igreja Católica assinala hoje.

Para o arcebispo de Braga é necessário um jornalismo “comprometido com a verdade” porque “consciente de que a mentira mata a pessoa, mata a política, mata a democracia, mata a sociedade”.

D. Jorge Ortiga considera que perante a responsabilidade de comunicar a verdade, não se pode, “infelizmente”, deixar de reconhecer que “alguns profissionais não se batem pela transparência” mas optam “pelo facilitismo”.

Na sua homilia, o arcebispo primaz pediu também que se agradeça a tantos jornalistas que “trabalham pela procura da verdade e que enriquecem a cultura do povo”, criando “um humanismo aberto aos valores e uma história que nos orgulha”.

“São necessários jornalistas devidamente qualificados e conscientes da sua responsabilidade na construção do rumo da sociedade”, frisou.

O prelado que expressou também a sua “gratidão” a todos os jornalistas que operam nos meios de comunicação cristã considera que chegou “o momento de dar relevo às pequenas coisas, aos acontecimentos marginais do quotidiano”.

“Refiro-me de modo particular à vida, eventos e experiências que têm lugar nas comunidades cristãs. Algumas são comunidades urbanas e outras rurais. Mas todas elas trabalham desinteressadamente pelo bem comum e tecem a história do nosso país longe dos grandes”, exemplificou.

A Agência ECCLESIA criou no seu portal uma página com conteúdos dedicados ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II (decreto ‘Inter Mirifica’, 1963).

CB/OC

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