Igreja/Media: «Nunca o jornalismo, nos últimos 20 ou 30 anos, pareceu tão importante» – Luís António Santos

Reflexão do diretor-adjunto do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade parte das «Fake news e jornalismo de paz»

Braga, 11 mai 2018 (Ecclesia) – O professor de Ciências da Comunicação, Luís António Santos, afirma que “nunca o jornalismo, nos últimos 20 ou 30 anos, pareceu tão importante” e destaca aquele que se “aproxima das pessoas”, a “cultura do encontro” do Papa Francisco.

“O jornalismo em busca da sobrevivência financeira deu passos genericamente no sentido do afastamento das pessoas e agora tem de dar passos de aproximação”, disse o docente na Universidade do Minho.

Em entrevista ao suplemento ‘Igreja Viva’, da Arquidiocese de Braga, Luís António Santos afirma que “o jornalismo pode mais” e falando dos temas ‘duros’ pode “dedicar-se mais às histórias de pessoas”, desde os casos de fragilidade aos “exemplos muito interessantes” de quem dedica a vida inteira “ao serviço dos outros ou que deram início a uma atividade fantástica” e não têm espaço nos média tradicionais.

“Uma pessoa frágil, um elemento frágil da sociedade, não tem outra voz. Se não for o jornalismo, estas pessoas não têm outra voz, ninguém mais as ouve”, observou na entrevista no âmbito do Dia Mundial das Comunicações Sociais 2018 (DMCS), onde deu como exemplo contrário que um grande banco, uma grande empresa, um político de um grande partido, “se não tiver o jornalismo, consegue muito bem comunicar com as suas audiências”.

A Igreja Católica vai celebrar este domingo, o 52.º DMCS e o Papa Francisco escreveu a mensagem ‘«A verdade vos tornará livres» (Jo 8, 32). Fake news e jornalismo de paz’.

“A mensagem tem muita pertinência e mostra-se «contra o exagero que leva a discursos intolerantes e hipersensíveis». Ele admite que essas pressões estão lá e aquilo que sugere que os jornalistas façam é comportarem-se de forma mais responsável”, analisa.

O diretor-adjunto do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade considera que o pontífice argentino procura que os jornalistas “reassumam o papel de intermediação que, eventualmente, perderam nos últimos cinco ou dez anos”, num documento que não é só para uma comunidade mas “toda a gente”.

“Se todos exprimirmos mais responsabilidade, todos vamos contribuir para que haja menos discursos intolerantes”, refere.

O professor universitário imagina que muitos jornalistas “gostassem de reassumir esse papel”, mas teme que o caminhar da evolução tecnológica e a disponibilidade das plataformas aceleradas “resulte num lugar diferente para o jornalismo”.

Para Luís António Santos podem combater-se as “fake news” de várias formas mas não acredita que “nenhuma delas seja, sozinha, eficaz”, algo que “é um esforço comum”.

Segundo o ex-jornalista do Jornal de Notícias no “pacote das fake news” existem os rumores, as sugestões de alguma coisa, “más leituras de eventos ou de documentos, textos são concebidos para servir uma determinada estratégia”, para além dos textos completamente falsos.

“Há este espectro muito grande que vai do erro – ingénuo, por vezes – à ação deliberada, e tudo isto é metido no mesmo pacote”, refere o diretor-adjunto do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade.

Ao suplemento ‘Igreja Viva’,  o entrevistado sublinha que todos têm de se responsabilizar por “ter um jornalismo que ajude a manter a democracia”.

“Ao fim não podemos levantar as mãos para o céu. Porque não vai haver resposta do Céu para este problema. Este problema é nosso e diz o Papa Francisco que somos nós que o temos que resolver cá em baixo”, acrescenta o professor de Ciências da Comunicação, Luís António Santos que trabalhou no Serviço Mundial do media público inglês ‘BBC’.

Já no Alto Minho, o jornal ‘Notícias de Viana’ entrevista Joaquim Franco, jornalista da SIC, sobre a celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais.

“A Igreja deveria, a meu ver, revelar-se mais disponível e sem preconceitos no mundo mediático secularizado, realçando uma dimensão humana integral, que não se limita ao efémero das velocidades e do homem consumista”, refere.

CB/OC

 

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