Igreja: «Ninguém julga ninguém», diz cardeal-patriarca sobre acompanhamento de divorciados recasados

D. Manuel Clemente pede leitura «na íntegra» dos documentos em causa

Lisboa, 16 fev 2018 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa emitiu um novo documento sobre o acompanhamento de católicos divorciados em nova união, propondo uma leitura “na íntegra” dos documentos que citou na sua nota sobre a exortação pós-sinodal do Papa Francisco.

“Nestes casos, como em quaisquer outros na Igreja de Cristo, ninguém julga ninguém e todos estimulamos todos para nos adequarmos sempre mais e melhor à absoluta fidelidade de Deus. A isso mesmo nos levará a sua Graça”, refere D. Manuel Clemente, numa “apresentação geral” da nota para a receção do capítulo VIII da ‘Amoris Laetitia’, divulgada hoje pelo Patriarcado de Lisboa.

O responsável sublinha que a nota lida e comentada na reunião de vigários do Patriarcado de Lisboa de 6 de fevereiro “recolhe passagens de três documentos – do Papa Francisco, dos Bispos da Região de Buenos Aires e do Cardeal-vigário de Roma – sobre o acompanhamento, discernimento e integração a prestar aos casais que não vivem em matrimónio sacramental”.

“Como síntese que é, deve ser tomada na totalidade e pede a leitura dos documentos na íntegra, para que cada citação seja plenamente entendida. A Quaresma que iniciamos dá-lhe particular oportunidade”, propõe.

O cardeal-patriarca de Lisboa sublinha, em relação ao acompanhamento, que o clero e as comunidades católicas devem abordar estas situações com “delicadeza e respeito, proximidade e estímulo espiritual”.

“Quanto ao discernimento, acolha-se a realidade de cada caso, no respetivo percurso e nas suas possibilidades e disposições. As propostas a fazer tanto terão em conta, como poderão suscitar, a disponibilidade de cada casal em ordem à concretização do ideal matrimonial cristão (discernimento dinâmico)”, acrescenta.

D. Manuel Clemente assinala que os católicos divorciados merecem “o reconhecimento e a promoção do seu lugar de batizados na Igreja de todos, com os talentos que Deus distribui a cada um e as ações correspondentes à situação pessoal”.

No início deste mês, o cardeal-patriarca de Lisboa indicou seis “alíneas operativas” para “acompanhar e integrar” os casais em segunda união na Igreja Católica, referindo que em causa estão “circunstâncias excecionais” e que a “possibilidade sacramental” requer um discernimento “caso por caso”.

A “Nota para a receção do capítulo VIII da exortação apostólica ‘Amoris Laetitia’”, publicada na página da internet do Patriarcado de Lisboa, alude às indicações do documento do Papa, às propostas de aplicação dos Bispos da Região Pastoral de Buenos Aires e às indicações dadas aos sacerdotes da Diocese de Roma pelo seu cardeal-vigário.

O documento do cardeal-patriarca defende a necessidade de “verificar atentamente a especificidade de cada caso” e “não omitir a apresentação ao tribunal diocesano, quando haja dúvida sobre a validade do matrimónio”.

“Quando a validade se confirma, não deixar de propor a vida em continência na nova situação” e “atender às circunstâncias excecionais e à possibilidade sacramental, em conformidade com a exortação apostólica e os documentos acima citados”, acrescenta.

PR/OC

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