Igreja: Projeto «Semear» colocou «direito à alimentação» na agenda internacional

Fundação Fé e Cooperação faz balanço positivo do trabalho realizado ao longo dos últimos dois anos

Lisboa, 19 de fev 2016 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC) concluiu com balanço positivo o projeto “Semear”, que ao longo dos últimos dois anos teve como objetivo a promoção do “direito à alimentação”, cruzando a realidade portuguesa e angolana.

Numa nota enviada hoje à Agência ECCLESIA, o organismo ligado à Conferência Episcopal Portuguesa destacou a aposta “na sensibilização e mobilização de atores setoriais para a implementação conjunta de medidas que promovam a soberania alimentar universal e estilos de vida sustentáveis”.

Recorda também a mensagem que o Papa Francisco deixou na sua encíclica “Laudato si”, dedicada à temática da Ecologia, onde afirma a necessidade de “assegurar um debate científico e social que seja responsável e amplo, capaz de considerar toda a informação disponível e chamar as coisas pelo seu nome”.

“Às vezes não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas é selecionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, económicos ou ideológicos. Isto torna difícil elaborar um juízo equilibrado e prudente sobre as várias questões, tendo presente todas as variáveis em jogo”, frisa no documento o Papa argentino.

Depois de dois anos a colocar “diferentes perspetivas e geografias em diálogo”, a FEC deu mais um passo para a fomentação da reflexão e da busca de soluções, juntando esta quinta-feira em Lisboa” responsáveis técnicos e organizações da sociedade civil das áreas da Cooperação, Clima e Agricultura”.

Presentes no encontro estiveram membros da Agência Portuguesa do Ambiente, do Instituto Camões da Cooperação e da Língua, do Ministério da Agricultura, representado pelo Gabinete de Planeamento e Politicas e pela Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo.

Destaque também para a participação de representantes e especialistas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, da Realimentar e do Centro de Estudos Africanos do Instituto Universitário de Lisboa.

Segundo o comunicado da FEC, “o debate centrou-se nas estratégias de articulação entre Soberania Alimentar e diferentes dimensões (Agricultura Familiar, Alterações Climáticas, Políticas Agrícolas) no quadro do Direito Humano à Alimentação Adequada”. 

Cada um dos presentes “reforçou a importância de não se trabalhar em silos, cada área temática por si, mas a relevância de poder integrar estratégias e concertar posições”, pode ler-se.

A organização católica recorda que no próximo dia 22 de abril vai ser “ratificado o Acordo de Paris, momento que dará início à planificação e implementação por parte de cada país dos compromissos apresentados”.

Neste sentido, a reunião “permitiu conhecer mais de perto os compromissos assumidos pelos Estados que integram a CPLP- Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, sendo o uso do solo, ordenamento do território, florestação e agricultura áreas estratégicas para todos eles”.

Destacou também “a importância de valorizar a pequena agricultura mais resiliente e ecológica” no quadro dos desafios das alterações climáticas”, algo que “exige uma forte orientação de políticas públicas e investimentos para a transferência de tecnologias e apoio a processos de organização dos produtores”, considera a FEC.

No âmbito do projeto “Semear”, a Fundação Ajuda a Igreja que Sofre trouxe em 2015 a Portugal a relatora especial das Nações Unidas para o Direito Humano à Alimentação, Hilal Elver, e promoveu dois estudos e um documentário que colocam em relação Portugal e Angola.

JCP 

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