Igreja: «Ser padre, um modo profético de viver» na pobreza, na obediência e na fraternidade

Simpósio do Clero termina esta quinta-feira, em Fátima

Fátima, 06 set 2018 (Ecclesia) – O Simpósio do Clero, que se conclui hoje em Fátima, apresentou testemunhos de sacerdotes no painel ‘ser padre, um modo profético de viver’, no âmbito da pobreza, da obediência e da fraternidade.

O padre Manuel Mendes, sacerdote da Diocese do Porto ao serviço da Obra da Rua, salientou que o ministério presbiteral “visa a construção da comunidade cristã à imagem de Jesus Cristo”, cuja “opção pelos pobres é bem evidente e determinante”.

“Jesus fez-se pobre, por amor aos pobres, não pela pobreza, pois Deus ama todos os seres humanos”, observou o sacerdote que vive na Diocese de Coimbra.

A Igreja “não é sociedade filantrópica” realçou o padre Manuel Mendes que citou o Papa emérito Bento XVI: “O amor será sempre necessário, mesmo numa sociedade mais justa; quem quer desfazer-se do amor prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consumação e ajuda.”

O vice-postulador da cauda de beatificação do Servo de Deus padre Américo explicou que o fundador da Obra de Rua e da Casa do Gaiato antecipou-se ao II Concílio do Vaticano porque “o modelo de Jesus Cristo, servo e pobre, estava já gravado no seu coração e orientava a sua ação”.

Na sua opção preferencial dos pobres, “voltou às origens do cristianismo, à vida das comunidades primitivas cristãs”, já era “amigo dos pobres desde pequenino” e fez voto de pobreza para, segundo as suas palavras, “acudir a tempo e horas à miséria dos irmãos”.

Já sobre a obediência na vida dos sacerdotes, a reflexão foi apresentada pelo padre Jesuíta Carlos Carneiro que “se por um lado é um gosto falar de obediência”, confessou “que não é fácil”.

“Aprendi a obedecer, mas ainda não sei se obedeço, aprendi a obedecer em casa dos pais, não é só por ter sido o oitavo e último filhos, obedecer aos pais e avós não era difícil, mas aos manos mais velhos era menos apetecível”, revelou.

O diretor do Centro Universitário da Companhia de Jesus no Porto disse que aprendeu a “obedecer aos professores” mas acha que sempre desejou “querer ser obediente a Deus”.

“Sinto desde pequenino um fascínio enorme pela liberdade de Cristo”, afirmou o padre Carlos Carneiro, lembrando que a Companhia de Jesus à vontade de ser padre foi sugerida pelo Papa São João Paulo II, em 1982, no monte do Sameiro.

Segundo o sacerdote jesuíta, a obediência “determina, configura”, e para os padres poderem “ser o sacramento e todos os sacramentos” que celebram só faz sentido se forem “mais do que dóceis, mais do submissos”, se forem aquilo que celebram.

“Por isso, a obediência determina-nos, dá-nos forma, esqueleto, indica o que cada um de nós licitamente pode pedir a Deus para o seu sacerdócio”, desenvolveu o padre Carlos Carneiro.

No Simpósio do Clero 2018, o religioso observou que aceitam na obediência “uma dependência que não infantiliza”: “Dependemos de Deus, da Igreja e uns dos outros. Somos irmãos em dependência.”

O padre António Bacelar, da Diocese do Porto, destacou que a “alegria do Evangelho é inseparável de uma autêntica experiência de fraternidade”.

“Edições atualizadas do lava pés de há dois mil anos, no serviço concreto e fraterno a colegas idosos e incapacitados, no acolhimento e acompanhamento de outros em momentos de crise e prova, na partilha de mesa e alojamento, na introdução à vida pastoral de colegas mais jovens ou candidatos ao ministério”, exemplificou, a partir dos vários serviços desenvolvidos na sua diocese, a nível nacional e internacional.

O responsável internacional dos sacerdotes e diáconos permanentes diocesanos do Movimento dos Focolares, desde 2014, afirmou que “sempre” que encontrou e encontra “fraternidade atuada”, entre presbíteros, bispos e diáconos encontrou e encontra “comunidades paroquiais e de seminários vivas e fraternas”.

“Sempre que assim encontrei e encontro fraternidade atuada entre cristãos e mesmo para além deles, encontrei e encontro como sua fonte mas também como seu fruto irmãos no presbitério”, salientou o padre António Bacelar.

‘O Padre: ministro e testemunha da alegria do Evangelho’ é o tema do 25.º Simpósio do Clero que está a decorrer em Fátima e termina esta quinta-feira, promovido pela Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, da Conferência Episcopal Portuguesa.

CB/OC

 

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