II Concílio do Vaticano: A clarividência e a coragem na obra do cardeal Martini

Era um “bispo avançado” e um “biblista insigne” mas “não um demagogo”. Segundo D. António Marcelino, o cardeal Martini “nunca procurava o seu prestígio, mas apenas que a verdade do Evangelho conduzisse a Igreja”. A sua “coragem, serena e lúcida, bulia com a gente votada ao carreirismo eclesiástico ou que optava por uma Igreja que não fizesse ondas” (Cf. «Correio do Vouga», 05 de setembro de 2012).

Falecido há 5 anos, 31 de agosto de 2012, o cardeal Carlo Maria Martini considerava que o II Concílio do Vaticano “restituiu a Bíblia aos católicos” e somente quem percebe “no seu coração essa Palavra pode fazer parte daqueles que ajudarão a renovação da Igreja e saberão responder às perguntas pessoais com uma escolha justa”.

O cardeal Martini (1927-2012) ingressou na Companhia de Jesus, a 25 de setembro de 1944. Fez o noviciado em Cuneo; estudou na Faculdade de Filosofia Aloisianum, Gallarate, Milão; na Faculdade Teológica, de Chieri, em Turim; na Pontifícia Universidade Gregoriana, de Roma, onde fez o seu doutorado em teologia fundamental com a tese: «Il problema storico della Risurrezione negli studi recenti»; e no Pontifício Instituto Bíblico, Roma.

D. Carlo Maria Martini, jesuíta, foi arcebispo de Milão entre 1980 e 2002, tendo depois passado alguns anos em Jerusalém antes de regressar a Itália, em 2008. O falecido bispo de Aveiro, D. António Marcelino escreveu um testemunho, no jornal «Correio do Vouga», 05 de setembro de 2012, onde sublinha que o cardeal italiano impressionava “pela sua simplicidade, cultura, clarividência e coragem”. Para D. António Marcelino, o cardeal nascido em Turim (Itália) vivia o II Concílio do Vaticano (1962-65) a “sério e nele se inspirava nas suas intervenções públicas e nos seus escritos, sempre apreciados pelo indiscutível valor e clarividência”.

Era um “bispo avançado” e um “biblista insigne” mas “não um demagogo”. Segundo D. António Marcelino, o cardeal Martini “nunca procurava o seu prestígio, mas apenas que a verdade do Evangelho conduzisse a Igreja”. A sua “coragem, serena e lúcida, bulia com a gente votada ao carreirismo eclesiástico ou que optava por uma Igreja que não fizesse ondas” (Cf. «Correio do Vouga», 05 de setembro de 2012).

Colocou em prática o grande acontecimento convocado e iniciado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI: II Concílio do Vaticano. Autor de vários livros sobre temas bíblicos e de espiritualidade, o cardeal Carlo Maria Martini fundou a chamada «cátedra dos não crentes», encontros cíclicos com gente a que a Igreja não chegava nunca, e foram famosos os seus diálogos com o escritor Umberto Eco.

Foi eleito por João Paulo II para liderar a Arquidiocese de Milão, a 29 de dezembro de 1979, e ordenado bispo a 6 de janeiro do ano seguinte, no Vaticano; o mesmo Papa polaco criou-o cardeal em fevereiro de 1983.

Entre 1987 e 1993 foi presidente do Conselho das Conferências Episcopais Europeias (CCEE). O cardeal italiano recebeu o prémio Príncipe das Astúrias em Ciências Sociais no dia 27 de outubro de 2000.

LFS

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