II Concílio do Vaticano: Recordações de D. Júlio Tavares Rebimbas

Num texto escrito para a Agência ECCLESIA, D. Júlio Tavares Rebimbas recordou a sua participação no concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo seu sucessor, Paulo VI.

Quando o II Concílio do Vaticano teve o seu início, D. Júlio Tavares Rebimbas ainda não era bispo. Este prelado, falecido em dezembro de 2010, só participou na última etapa desta assembleia magna (1962-65).

Num texto escrito para a Agência ECCLESIA, D. Júlio Tavares Rebimbas recordou a sua participação no concílio convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo seu sucessor, Paulo VI.

“Não senti o chamamento do Episcopado como resultado de uma carreira onde iria ter, e foi com surpresa que recebi a convocatória do Papa Paulo VI, por meio da Nunciatura Apostólica, em Lisboa, no mês de Setembro de 1965: “O Santo Padre designou-o Bispo de Faro. Responda no prazo de três dias, ou pode mandar a resposta pelo portador”. Fiquei siderado e também um pouco baralhado. Logo a seguir recebi outra carta: que fosse imediatamente para o Concílio, para a última Sessão. Fui. Aí senti, juntamente com as humanidades dos bispos, o mistério da Igreja, a presença do Espírito de Deus e ia-me dando conta do que estava a acontecer”, escreveu.

No mesmo comentário, o antigo bispo do Porto realçou que o “Concílio marcou-me profundamente”. “A convivência com o Papa, os outros bispos e o Espírito Santo, nas sessões diárias daqueles últimos meses, a densidade e uma pressa de aprovar constituições, decretos e declarações fizeram-me participar nos votos e aprovações da maior parte dos documentos conciliares”.

Certamente que o “Espírito Santo não estava à espera de mim para aprovação da maior parte dos documentos conciliares”. Como foi apenas na última etapa do Concílio votou quase todos os documentos “evangelicamente, como os que tinham ido na primeira hora. Lembro-me dos momentos e até de algumas circunstâncias”.

O Concílio foi “para mim uma riqueza de dons gratuitos e também é um mistério”. “Podia contar muitas coisas mas é melhor ficarem guardadas na alma, embora se possam revelar”.

“Valeu a pena. E bendita a Santa Igreja Católica que nos gerou o Papa João XXIII e outros semelhantes, que tornaram possível a grande reforma conciliar para o século XX, XXI e outros”, acrescentou D. Júlio Tavares Rebimbas.

“Aprendemos muito nas conversas particulares. Havia um bispo australiano, muito alto, logo lhe puseram o nome de “altíssimo”. Uma vez dei com ele a tirar uma prova para uma batina, mas, como era muito alto, as freiras andavam com um escadote para lhe chegar à altura”, finalizou o prelado.

LFS

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