Irmã Lúcia: Recolha de documentação nunca revelou problemas, diz biógrafa

Religiosas do Carmelo de Coimbra tiveram de analisar mais de 70 malas de correspondência, cada uma com milhares de cartas

Coimbra, 13 ago 2017 (Ecclesia) – A recolha de documentação relativa à vida da Irmã Lúcia (197-2005), vidente de Fátima, nunca revelou “problemas”, disse à Agência ECCLESIA a Irmã Ana Sofia, que viveu com ela no Carmelo de Coimbra.

“Tratar do processo de beatificação de uma pessoa que viveu quase cem anos não podia ser tão rápido como o processo de beatificação de uma pessoa que morreu jovem”, refere, em relação aos mais de oito anos que demorou a fase diocesana da causa de canonização, que chega hoje ao fim.

A irmã Ana Sofia integrou a equipa que redigiu a obra ‘Um caminho sob o olhar de Maria’, a biografia completa da Irmã Lúcia.

“Nunca houve nenhum problema nesta fase do processo diocesano, recolha dos escritos, nunca houve nada que dissesse que o que a irmã Lúcia deixou escrito é um problema. Não, nunca houve nada”, assinala.

A religiosa, natural de Santarém, tem 38 anos e é desde 1996 uma das religiosas residentes no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, local onde conviveu com a Irmã Lúcia, durante os últimos nove anos de vida da vidente de Fátima.

Para a irmã Ana Sofia, as carmelitas que acompanharam a vidente de Fátima na sua vida de clausura não têm “dúvidas” quanto à sua santidade, sublinhando que houve, neste fase do processo de canonização, a preocupação de que “as coisas fossem bem feitas”.

“Lúcia era uma pessoa que viveu segundo a vontade de Deus, com fidelidade, e quase que vi isso com os meus olhos, toquei com as minhas mãos, vi com os meus olhos. Isso ajudou muito, depois, quando me confiaram esse trabalho do processo de beatificação da irmã Lúcia na parte que competia ao Carmelo de Santa Teresa, que foi onde ela viveu, ajudou-me muito a não desanimar”, relata.

O trabalho das religiosas de clausura passou por “compilar todas as cartas” que a irmã Lúcia foi recolhendo por ordem dos superiores, sobretudo depois dos anos 80 do último século, “essencialmente pedidos de oração”.

A correspondência estava guardada em perto de 70 malas, cada uma com “milhares de cartas” e, nalguns casos, cópias das , que a irmã Lúcia guardou.

“Tivemos de recolher para transcrever, arquivar, foi um trabalho muito complexo e exaustivo”, assinala a irmã Ana Sofia.

Para encontrar as outras respostas, no entanto, foi preciso contactar “imensas pessoas” e ir a locais como a Torre do Tombo, onde havia cartas da irmã Lúcia a Salazar.

“Temos cá as do Salazar para a irmã Lúcia. Aliás, no memorial está exposta uma”, refere a irmã Ana Sofia, sublinhando que o assunto foram as obras de restauro do Carmelo de Coimbra.

A religiosa recorda que Lúcia de Jesus tinha “uma memória fantástica” e tratava todas as pessoas por igual, dando como exemplo a visita do ator e realizador Mel Gibson.

Um momento muito emocionante para algumas religiosas, mas não tanto para a vidente de Fátima, que “não tinha a noção” de quem era o convidado.

“Aqueles que precisavam dela recorriam a ela, pediam a oração e isso era o mais importante. Ela estava lá a dar a palavra e o conselho que pudesse e soubesse a quem mais precisava”, conclui a irmã Ana Sofia.

A Diocese de Coimbra e a vice-postulação da Causa de Canonização da Irmã Lúcia (1907-2005) vão promover hoje a sessão de clausura do inquérito diocesano.

Esta fase do processo de canonização da vidente de Fátima reúne todos os escritos da Irmã Lúcia, os depoimentos das testemunhas ouvidas acerca da sua fama de santidade e das suas virtudes heroicas, passando agora para a competência direta da Santa Sé e do Papa.

HM/CB/OC

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