Lusofonias: Bispos ecológicos de Angola

Tony Neves

Os Bispos de Angola continuam a visitar as periferias e margens do país, com reuniões plenárias fora de Luanda. A Assembleia Plenária realizou-se em Moçamedes, de 8 a 14 de Março, às portas do deserto do Namibe. Os Bispos puderam perceber esta realidade única em Angola, com a presença galopante do deserto que tende a ocupar, cada ano que passa, terras de habitação, cultivo e pastagens do gado. O momento mais simbólico foi a plantação da ‘Floresta Laudato Si’, dando resposta positiva aos apelos do Papa Francisco nesta encíclica sobre Ecologia Integral. Assim, como forma de responder à desertificação crescente do Namibe, os Bispos plantaram 400 árvores, num momento muito mediatizado.

Criada em 1967, a Conferência Episcopal de Angola e S. Tomé (CEAST) concluiu os 50 anos da sua existência. Nesta Assembleia, foi aberto um jubileu celebrativo que se vai prolongar pelo ano todo.

Os Bispos elogiam a postura missionária da Igreja, mas ‘apelam para um envolvimento mais vivo de todos, renovando cada vez mais o zelo apostólico, ocupando os muitos espaços vazios no mundo da política, da economia, da cultura e da ciência, sem pormos de parte a ocupação dos espaços geográficos, a fim de sairmos da mera pastoral de manutenção para uma pastoral do anúncio e do testemunho’.

A CEAST alegra-se com o aumento de vocações para o sacerdócio, mas pede às Paróquias que ‘se assumam como autênticas escolas de discernimento, acompanhamento e orientação vocacional e aos formadores dos Seminários maior presença e empenho para que dessas casas de formação saiam bons, humildes e dedicados futuros pastores’.

Foi publicado um documento que condena a despenalização do aborto, projecto que o governo tem em cima da mesa. Dizem os Bispos: ‘A vida humana é um dom de amor de Deus; é um valor absoluto que nunca deve ser sacrificada por causa do relativismo ético, do egoísmo, do hedonismo e do calculismo selectivo e discriminatório. Por isso, os Bispos reafirmam o seu compromisso a favor da vida e o seu não à prática do aborto’.

Os Bispos mostram preocupação pelo mau estado da Saúde, com falta de hospitais, médicos e medicamentos. Apelam à defesa das minorias étnicas, tão expressivas nesta região do Namibe: ‘os Bispos pedem para que todos dediquemos uma atenção especial a elas, garantindo-lhes uma formação integral e inclusiva, para que não se sintam “irmãos pobres esquecidos” nem à margem do desenvolvimento que o País vai conhecendo’.

Os Bispos congratulam-se com a decisão do Presidente da República autorizar a extensão do sinal da Rádio Ecclesia a todo o país. Também expressam a sua alegria pelas notícias vindas a lume sobre o retomar do projecto de construção da Basílica de Nossa Senhora da Muxima. Finalmente, partilham a alegria de estar quase concluída a Concordata entre Angola e a Santa Sé.

Para o país, os Bispos desejam que continue a concretizar-se a ‘reforma do Estado para que todos primemos pela dignidade, honra e nobreza de espírito, fazendo com que as assimetrias regionais desapareçam, a cultura da justiça se afirme e os bens de todos, a todos beneficiem’.

 

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