Lusofonias – Diálogo inter-Religioso para a paz

Tony Neves

O Fórum Espiritano sobre o Diálogo Inter-Religioso teve lugar em Zanzibar (Tanzânia), de 3 a 9 de dezembro de 2018. Neste lugar emblemático pela convivência pacífica entre religiões e culturas e também simbólico para a História da Congregação na África de Leste, o Fórum reuniu Delegados que trabalham num contexto de diálogo inter-Religioso. Tal permitiu uma partilha de experiências e de conhecimentos muito diversos: Mauritânia, Argélia, Nigéria, Camarões, R. D. Congo, Rep. Centro Africana, Ilha Maurícia, Paquistão, Índia, Filipinas, Tanzânia, Holanda, Bélgica, Estados Unidos estavam representados.

Há aspectos a salientar: a juventude da maioria dos participantes, a boa representação de Espiritanos da África sub Sahariana e o facto de muitos terem chegado recentemente aos actuais lugares de Missão. Todos estes indicadores mostram a importância que os Espiritanos atribuem hoje ao diálogo inter-Religioso: o Conselho Geral, em coerência com esta prioridade missionária, tem feito muitas nomeações missionárias para missões onde é vital o diálogo inter-Religioso.

O Fórum desenrolou-se num ambiente muito fraterno e familiar. Especialistas sobre o diálogo ou simples actores do terreno sem uma formação particular sobre o tema, todos apreciaram o facto de poderem partilhar as suas experiências, as suas convicções, as alegrias e os desafios do seu ministério.

Uma questão relativamente nova  que emergiu das partilhas de experiências é a dureza, cada vez mais evidente, da vida dos confrades em situação de violência (tensões, guerra civil, atentados, etc), o que se traduz igualmente em termos de acessibilidade (os vistos são cada vez mais difíceis de obter) e a permanência dos confrades nestes ministérios, exigentes mas frágeis. Tudo isto reforça ainda mais a convicção da importância crucial do diálogo inter-Religioso para a construção da paz, da resolução de conflitos e do compromisso pela reconciliação. A celebração da vigília, na noite de sexta-feira e a Missa de 8 de dezembro, em memória dos 19 mártires da Argélia (entre os quais o Bispo D. Pierre Claverie e os Monges de Tibhirine), beatificados neste dia, ressoou com muita força no coração dos participantes.

Os participantes no Fórum tiveram, igualmente, a possibilidade de se confrontar com as realidades locais de Zanzibar através do encontro com D. Augustine Shao, o Bispo local, Espiritano, anfitrião, bem como dois altos responsáveis, um luterano e outro muçulmano, todos comprometidos num diálogo convicto que continua a dar fruto sobre esta Ilha de grande maioria muçulmana. Houve ainda tempo para uma visita a lugares emblemáticos e históricos, testemunhos do pesado passado da região como placa giratória do comércio dos escravos.

Partilho esta reunião com toda a Lusofonia porque considero ser este um grande desafio de futuro também para Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe, Portugal e Timor. A Missão como diálogo torna-se cada vez mais decisiva para o presente e o futuro da Igreja e do mundo.

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