Mediterrâneo: Vaticano agradece envolvimento das embarcações comerciais no resgate de imigrantes

Na mensagem para a Jornada do Mar 2015

Cidade do Vaticano, 03 jul 2015 (Ecclesia) – A mensagem do Vaticano para a Jornada do Mar deste ano, que vai ser assinalada dia 12 de julho, destaca o contributo que os pescadores e marinheiros dão para a subsistência humana, um esforço de risco mas pouco recompensado.

Num texto enviado hoje à Agência ECCLESIA, o Conselho Pontifício para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI) recorda que atualmente a “economia global” depende em grande medida de uma “indústria marítima suportada pelo trabalho de cerca de 1 milhão e duzentos mil trabalhadores”.

Pescadores e marinheiros que “no mar ou oceano enfrentam frequentemente o poder e a força da natureza” para trazerem para terra o produto da sua faina; operários e carregadores que nos portos e docas se dedicam “à carga e descarga das mercadorias”, mas cujo “trabalho e sacrifício” como que é “invisível” aos olhos da sociedade.

Para aquele órgão da Santa Sé, as pessoas em geral “não reconhecem a importância e os benefícios que estes profissionais têm para a sua vida” e só se apercebem disso “em caso de tragédia no mar”.

“Num contexto de guerra, violência e instabilidade política que marca vários países, um novo fenómeno começa a afligir a indústria naval”, diz o CPPMI, referindo-se à situação de “milhares e milhares de migrantes” que a partir do Mediterrâneo buscam uma porta de entrada para a Europa.

Mais uma vez, sem olharem à sua própria segurança, muitas embarcações “tem participado ativamente no resgate” destes refugiados e deslocados, que seguem em “barcos sobrelotados e sem condições”.

“Os trabalhadores marítimos estão treinados e qualificados para lidarem com um sem número de situações de emergência, mas o resgate de centenas de homens, mulheres e crianças desesperadas por chegar em segurança ao navio é algo para o qual nenhum curso ou treino naval pode valer”, aponta o organismo do Vaticano.

Além disso, acrescenta o CPPMI, muitos destes migrantes têm perdido a vida no seu esforço de chegar até terra, o que é sempre uma “experiência traumatizante” para aqueles que estão envolvidos nos trabalhos de resgate.  

Nesse sentido, a Igreja Católica quer reconhecer “o grande esforço humanitário que muitas tripulações têm feito”, participando “sem hesitar, e por vezes com risco de vida, nas operações de salvamento de milhares de migrantes”.

“A nossa gratidão vai também para todos os capelães e voluntaries do Apostolado do Mar, pelo seu compromisso diário em prol dos pescadores e marinheiros. Eles são um sinal da presença da Igreja Católica nestes meios e da face misericordiosa e compassiva de Cristo”, pode ler-se.

O texto termina com um repto deixado à comunidade internacional, para que países e organizações “cooperem na busca de uma solução definitiva e sustentável” para a instabilidade que atinge diversos países e que tem estado na origem desta onda de imigração clandestina.

A Santa Sé exorta ainda as instituições e organismos responsáveis a “canalizarem mais recursos não só para as missões de busca e salvamento dos migrantes mas também para a prevenção do tráfico e exploração das pessoas que têm procurado escapar a uma situação de conflito e pobreza”.

Em termos das condições dadas aos profissionais do mar, o Vaticano considera essencial defender melhor os direitos de quem tem de “passar meses e meses longe da sua família” e “confinado a um espaço reduzido”.

Denuncia ainda “as normas injustas e restritivas que limitam a saída das embarcações para o mar” e recorda “a ameaça contínua” que a “pirataria” representa para muitas tripulações, em todo o mundo.

JCP

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