Migrações: Cáritas reuniu-se com associações e organizações para «comunicar, influenciar, transformar»

Formação, capacitação e encontrar e partilhar soluções para o «medo daquilo que não se conhece»

Lisboa, 15 jan 2019 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa reuniu-se com Associações de Migrantes e de Diáspora e Organizações Não-Governamentais, que trabalham no território nacional, numa ação de formação sobre ‘Migrações e Desenvolvimento: Comunicar, Influenciar, Transformar’, realizada no Seminário de Alfragide.

“É interessante ver o trabalho que têm vindo a fazer, os principais sentidos, e ficar com indicações de quais os caminhos a seguir num país com várias políticas e medidas, bastante favoráveis nesta área, e que tem sido indicado como boas praticas, mas também se verificam lacunas entre a teoria e a prática”, disse à Agência ECCLESIA Mariana Hancock, da Cáritas Portuguesa.

A responsável de Advocacy na organização católica observou que também existem questões sobre as migrações a serem tratadas na sociedade sobre o “medo daquilo que não se conhece”, das pessoas que têm “proveniências diferentes ou culturalmente trazem outras particularidades”.

A Associação dos Imigrantes nos Açores (AIPA), criada em 2003, considera que em 15 anos a sociedade açoriana, que tem uma “experiência de migração muito grande”, adquiriu “experiência de acolhimento” e os emigrantes “sentem-se perfeitamente acolhidos” no arquipélago.

Leoter Viegas adianta que têm emigrantes que “não sabem falar a língua” e disponibilizam cursos de português, com o apoio do Governo, sendo um dos desafios “diversificar fontes de financiamento” para as ações continuarem no tempo.

Há um ano e meio, a Cáritas Paroquial da Caranguejeira, na Diocese de Leiria-Fátima, recebeu uma família de refugiados do Curdistão iraquiano – um casal com três filhos – num projeto intitulado ‘Mão Acolhedora’, com a ajuda da PAR Famílias.

“Foi um desafio espetacular que tem corrido muito bem. Também tivemos sorte com a família muito empenhada em integrar-se e lutar pela vida”, disse Fernanda Fernandes, adiantando que a família escolheu Portugal porque “tinham noção que é país pequenino”, queriam “paz” e estavam preocupados “com a educação dos filhos”.

Entre 11 e 13 de janeiro, a formação ‘Migrações e Desenvolvimento: Comunicar, Influenciar, Transformar’ teve como objetivo a capacitação das associações que têm “relações privilegiadas de proximidade” com os migrantes.

A diretora-executiva do CEPAC – Centro Padre Alves Correia, dos Missionários do Espírito Santo (Espiritanos) observa que há um “interesse e necessidade absoluta” em participar nestas ações porque “os problemas são transversais” e existem outras organizações que enfrentam “problemas idênticos”, se existem “novas formas e inovadoras” de “dar respostas dignas às pessoas.

Segundo Ana Mansoa, nos últimos meses, têm assistido “a um aumento considerável de situações de emergência” e “só cerca de 38%” é que estão em situação regular, sendo que em 2018 tiveram um “aumento de procura de 33%”.

A formação desenvolvida no âmbito do projeto internacional ‘MIND – Migrações. Interligação. Desenvolvimento’ teve o apoio do Instituto Marquês Vale-Flor que tem na sua missão “a promoção da justiça social” e no caso das migrações também está “em causa a promoção da dignidade humana”, disse Mónica Santos Silva.

O encontro, que contou com o apoio do Alto Comissariado para as Migrações de Portugal, vai estar em destaque na emissão do programa ECCLESIA na RTP 2, pelas 15h00 desta quarta-feira.

LS/CB/OC

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