Natal: Presépio comunitário no Bairro da Quinta da Fonte é símbolo de «união»

Iniciativa inédita uniu poder político, instituições e moradores

Loures, Lisboa, 23 dez 2015 (Ecclesia) – O bairro da Quinta da Fonte, no Concelho de Loures, acolhe este ano pela primeira vez um presépio no espaço público, que é apresentado pelos promotores da iniciativa como exemplo de coordenação entre poder político, instituições e moradores-

A ideia de comemorar o nascimento de Jesus, como São Francisco de Assis, no século XIII, neste deste bairro da periferia de Lisboa partiu de uma funcionária da Câmara Municipal de Loures que conhece esta realidade há 15 anos.

“É um bairro multirracial, desde africanos, portugueses, etnia cigana, e pensei que o presépio é festejar e unir os povos”, explicou Paula Martinho, à Agência ECCLESIA.

Numa localidade com cerca de 2500 habitantes, na sua maioria migrantes africanos e membros da comunidade cigana, o presépio comunitário, que nasce pela primeira vez, acabou por ter um resultado “magnífico”, segundo esta responsável.

Além da ajuda do poder político e da sociedade civil, com a colaboração da Igreja Católica, para a construção do presépio foi pedida a colaboração dos habitantes do bairro.

“Unidos, se quisermos, construímos um mundo de fraternidade e o facto de este presépio estar no cimo da avenida principal desta urbanização, tem também esta simbologia. Todos juntos se quisermos podemos transformar, podemos fazer deste bairro e deste mundo, um mundo melhor”, destacou Maria Eugénia Coelho, vereadora na Câmara Municipal de Loures.

Segundo a responsável, este presépio é o “culminar” de um trabalho realizado por toda a comunidade tendo sido construído pelas pessoas que ali “trabalham, vivem e passam a sua vida” é o símbolo do que é possível fazer no bairro municipal da Quinta da Fonte.

“Até para as crianças que veem isto como uma iniciativa muito bonita, para eles existe o Pai Natal”, acrescentou Maria José Carvalho, moradora no bairro há 18 anos.

Do Centro de Atividades de Tempos Livres Verdine, do Secretariado de Lisboa da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, Aida Marrana, reforça a ideia de união da população no presépio: “É uma situação importante porque junta, une as pessoas, não são só as do bairro social, também as pessoas da Apelação.”

O presépio comunitário vai estar exposto até ao Dia de Reis, 6 de janeiro de 2016, e conta com iluminações, entre as 17h00 e as 24h00.

Ivo Pratas, da comunidade cigana, assinala que “todas as comunidades” gostaram deste presépio porque “dá incentivo” e faz com que as pessoas “sintam um pouco mais o Natal”.

A viver há mais de 15 anos na Quinta da Fonte, disse que esta iniciativa é um bom investimento porque a urbanização “tem má fama” pelo seu passado e é preciso mostrar “as coisas boas”.

O bairro municipal da Quinta da Fonte foi construído em 1997 com o objetivo de realojar as famílias deslocadas pelas obras da então ‘Expo 98’.

Desde 2008, o empenho das autoridades locais, da comunidade e a intervenção da Igreja Católica mudou a imagem de violência e criminalidade potenciadas pela pobreza e desemprego.

“Verdadeiramente acreditamos muito que o bem é superior ao mal aqui na Quinta da Fonte, isso é a nossa fé porque somos testemunhas disso”, revelou a irmã Mónica, das Irmãzinhas de Jesus, sobre “os gestos de solidariedade, de partilha, de entreajuda, de compaixão” que testemunha a fraternidade de três religiosas presentes no bairro.

A iniciativa esteve em destaque na mais recente emissão do programa ‘70×7’ (RTP2).

JCP/CB/OC

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