Nicarágua: Igreja Católica apela ao fim do clima de repressão no país

«O presidente Ortega deve ouvir os desejos de boa parte da população», frisa o cardeal Leopoldo Brenes

Cidade do Vaticano, 08 ago 2018 (Ecclesia) – A Igreja Católica na Nicarágua reforçou hoje o seu apelo ao diálogo e à paz no país, e o fim do clima de repressão que tem marcado a liderança do presidente Daniel Ortega.

Em declarações reproduzidas hoje pelo portal Vatican News, o presidente da Conferência Episcopal da Nicarágua lamentou “a perseguição” que tem sido movida “a pessoas que não concordam com o governo”.

Situação que desde abril deste ano já terá causado “a morte de mais de 400 pessoas”.

Para D. Leopoldo Brenes, importa “conter os ânimos de modo que o país possa verdadeiramente alcançar uma autêntica normalidade.”

Ao mesmo tempo, aquele responsável católico frisa a importância de não deixar esta situação evoluir para um contexto de implementação forçada de uma nova realidade política, mas sim que o rumo a seguir “permaneça dentro dentro do quadro da Constituição”.

Pelo menos, garantiu, será isso que a Igreja Católica, que tem procurado servir de mediadora neste conflito, procurará favorecer.

“Não podemos suportar um golpe de estado. Cabe aos leigos dar a justa direção ao país e conduzir as ações sociais e políticas”, sustentou o cardeal Leopoldo Brenes.

Na base desta crise social e política que tem atingido a Nicarágua está a ação do atual presidente Daniel Ortega, acusado de estar a procurar eternizar-se no poder.

A Igreja Católica no país considera vital buscar uma realidade mais democrática e, enquanto isso, quer estar ao lado daqueles que mais sofrem com o conflit

“O papel da Igreja é defender os mais fracos, é estar ao serviço da humanidade”, destacou o presidente do episcopado da Nicarágua, recordando que é o bem de todos que está em causa.

“Já fomos às barricadas recuperar os feridos, entre os quais havia também militares e policiais”, referiu o também arcebispo de Manágua, para quem “o presidente Ortega deve ouvir os desejos de boa parte da população”.

Neste momento, o diálogo no país está a ser feito através de duas comissões: “uma de averiguação e segurança, que trata de crimes, de feridos e daqueles dos quais se desconhece o paradeiro”, e que ainda está em ação.

Outra comissão que está empenhada na “democratização” do país, mas que entretanto foi “suspensa”.

“Acredito que o governo vai ser sensível aos pedidos de retoma deste diálogo”, adiantou D. Leopoldo Brenes.

O presidente Daniel Ortega já se mostrou favorável ao diálogo com a Igreja Católica e com as instâncias internacionais, nomeadamente a ONU, desde que termine a “ingerência” externa aos assuntos do país, nomeadamente por parte dos EUA.

Entretanto o ambiente no país continua sem conhecer tréguas, com “a tensão em alta”, com “manifestações e confrontos” diários.

JCP

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