Os poderes nos media

Paulo Rocha, jornalista
O poder dos media é uma evidência. Menos evidente é a construção do mundo mediático na atualidade, paradoxalmente definido entre grandes grupos e utilizadores singulares, quase anónimos, de uma qualquer rede social. O esforço que grandes grupos económicos emprestam à causa mediática, na tentativa de conquistarem as audiências que os tornem empresarialmente sustentáveis, é muitas vezes perturbada pela intromissão inesperada de uma ou muitas imagens ou mensagens suportadas por um telefone móvel, que rapidamente a adquirem o mesmo alcance que produções profissionalmente perfeitas e globalmente difundidas. Hoje, a comunicação acontece cada vez menos entre massas e cada vez mais entre pessoas e grupos.

Neste cenário, os poderes que atuam sobre a comunicação gaguejam fórmulas que impeçam desvios de um pretenso poder dos grandes meios de comunicação social e sobretudo do foco temático onde se pretendem colocar os conteúdos, as mensagens transmitidas e os valores que lhe estão associados.

Neste jogo mediático, os temas relacionados com a religião são recorrentemente remetidos para ambientes privados. Não lhes é conferida cidadania mediática. Nega-se a possibilidade de um ponto de vista que tenha por fundamento a cultura cristã de todos os hemisférios, nos vários momentos da história. Sinal disso é, por exemplo, o escondimento dado ao discurso cristão no Dia de Natal pela mudança para horas madrugadoras do programa das confissões religiosas no operador de serviço público de televisão; ou a classificação em curso de publicações, jornais e revistas, como doutrinárias só por terem algum relacionamento com a Igreja Católica e por incluírem, entre outros, padres a escrever artigos de opinião ou existirem notícias sobre religião a par de informação regional, desportiva e associativa.

Numa afirmação crescente da pluralidade e do respeito por todos nas sociedades atuais, discriminar negativamente um tema é escandaloso. E se o tema é uma dimensão fundamental do humanismo, de todas as pessoas, como o é a religião, nas suas diferentes comunidades institucionais, ainda mais escandaloso parece.

No contexto mediático atual, é necessário afirmar cada vez mais o lugar ao jornalismo especializado. Assim acontece com o jornalismo desportivo, económico, político e muitas mais áreas do agir humano, onde se tem de incluir também o jornalismo sobre religião.

A esta exigência acresce a que recai sobre os comunicadores de cada uma desses setores da sociedade: o desenvolvimento de jornalismo e de projetos jornalísticos de acordo com a deontologia da classe e não subjugado às exigências da instituição.

É neste esforço que se inclui o projeto de renovação em curso na Agência Ecclesia, o que acontece diariamente na produção de todos os conteúdos e o que periodicamente se desenvolve para recriar a sua apresentação. É esse o objetivo da reformulação do portal informativo ecclesia.pt, onde partilhamos conteúdos produzidos nas diferentes linguagens. A maior alteração, que chega com o início de um novo ano, passa pela integração do semanário digital no portal informativo. Depois, as ferramentas de publicação e partilha dos conteúdos estão a ser atualizadas, nas funcionalidades e na imagem, com o objetivo de conquistar maior relevância, criar mais proximidade com todos os públicos e provocar a interatividade entre a comunidade que constituímos e que queremos ver alargada de dia para dia! Um projeto quase concluído: no amanhecer do dia 8 de janeiro, segunda-feira, aparecemos com nova cara!

Paulo Rocha

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