Papa critica ditadura do lucro

Bento XVI manifestou-se este Domingo contra a a “lógica dominante do lucro”, que considerou responsável pelo aumento da “desproporção entre pobres e ricos” e por uma “ruinosa exploração do planeta”. O Papa deixou estas críticas durante a sua visita à diocese de Valletri-Segni, localizada a cerca de 30 quilómetros de Roma. Esta era a diocese titular de Joseph Ratzinger, enquanto prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, cargo que desempenhou até à sua eleição pontifícia, em Abril de 2005. Na homilia da Missa a que presidiu na Praça São Clemente, em frente à Catedral local, Bento XVI sublinhou que “quando a lógica dominante é, pelo contráiro, a da partilha e da solidariedade, é possível corrigir o caminho e voltá-lo para um desenvolvimento equitativo para o bem comum de todos”. “No fundo, trata-se de decidir entre egoísmo e amor, entre justiça e desonestidade, em definitivo entre Deus e Satanás”, afirmou. O Papa desafiou os cristãos a fazerem uma escolha “entre a lógica do lucro como último critério das nossas actuações e a lógica da partilha e da solidariedade”. Pouco depois, na recitação do Angelus, Bento XVI que o dinheiro “pode colocar o homem num egoísmo cego”. Nesse sentido, apelou a uma “conversão” dos bens materiais: “Em vez de utilizá-los apenas para o próprio interesse, é preciso pensar também nas necessidades dos pobres”. “O lucro é, naturalmente, legítimo e, se aplicado com medida, necessário para o desenvolvimento económico”, sublinhou, indicando que “a lógica do lucro e a da distribuição equitativa dos bens não são contraditórias entre si”. “A Doutrina Social da Igreja sempre defendeu que a distribuição equitativa dos bens é prioritária”, explicou o Papa, antes de citar João Paulo II e referir que “o capitalismo não deve ser considerado o único modelo válido de organização económica”. Esta breve visita ficou, assim, marcada pela reflexão sobre o “apego excessivo” ao dinheiro, aos bens materiais e a tudo o que impede as pessoas de viverem com plenitude a vocação de amar Deus e os homens. “Maria Santíssima ajude os cristãos a usar com sabedoria evangélica, isto é com solidariedade generosa, os bens terrenos e inspire aos governantes e aos economistas estratégias clarividentes que favoreçam o progresso autêntico de todos os povos”, concluiu Bento XVI. Após a recitação do Angelus, o Papa assinalou ainda que, neste Domingo, a Sociedade de São Vicente de Paulo realizou na Itália uma campanha contra o analfabetismo, “grave chaga social que atinge ainda muitas pessoas em várias regiões do mundo”. Foto: Rádio Vaticano

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