Património: Preservação é a melhor forma de arte cristã cumprir a sua missão

Ação de formação percorre dioceses de Portugal para afirmar que o cuidado com os bens culturais da Igreja depende de todos

Foto Diocese do Porto/JLC

Aveiro, 22 out 2018 (Ecclesia) – O coordenador da Comissão para os Bens Culturais da Diocese de Aveiro afirmou ser necessário devolver à arte cristã “a grande missão” de evangelizar sendo essencial dar “formação” tanto “aos mais simples” como aos responsáveis em cada paróquia.

“Percebemos que é preciso voltar a dar à arte cristã a grande missão que teve e tem. Estar em contacto com os fiéis e provocar um questionamento cristão; não só aos que estão mas aos que vão passando e que não as conseguem ler porque não têm chave de leitura cristã e evangélica”, afirmou à Agência ECCLESIA o padre Gustavo Fernandes durante a ação de formação sobre «Património artístico da Igreja – critérios e práticas de conservação preventiva» que decorreu na Diocese de Aveiro.

Paroquianos, zeladores, sacristães, voluntários e colaboradores foram chamados a participar numa formação assente em conselhos “práticos e simples” que ajudem as paróquias a cuidar do seu património.

“Explicar e oferecer exemplos concretos daquilo que nas paróquias, os zeladores, sacristães, voluntários e colaboradores que contactam diariamente com o património dessas igrejas, podem e em muitos casos devem fazer para evitar as intervenções de restauro, que essas sim, estão a cargo de profissionais e técnicos qualificados”, indica à Agência ECCLESIA Sandra Costa Saldanha, diretora do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja Católica, que promove a ação.

O contacto mais próximo com as dioceses e as várias paróquias permite uma “formação muito prática” que vá ao encontro das necessidades concretas e quotidianas das paróquias, com “instruções básicas, quer de diagnóstico, porque é importante perceber os sinais de alerta”, como também de “intervenção preventiva”.

O padre Gustavo Fernandes concretiza a formação no âmbito do projeto do inventário do património móvel que cada paróquia desenvolve.

”Neste projeto temos aproveitado e pedido um grande voluntariado nas paróquias. Para isso é necessário formação para os voluntários que, sendo voluntários, têm de ter qualidade”, acrescenta.

Há 11 anos sacristão na paróquia de Esgueira, António Oliveira Ramos participa pela primeira vez numa ação de formação semelhante, apesar de diariamente receber na igreja turistas “nacionais e estrangeiros” a perguntar “por algum santo ou imagem”.

“É sempre bom uma pessoa estar por dentro do fundamental para melhor contribuir para o seu serviço”, indica à Agência ECCLESIA.

O projeto de inventariação do património decorre em Aveiro e o padre Gustavo Fernandes suscita a importância da proximidade com todos os envolvidos para proteger um legado.

“Património significa legado, o que alguém nos entrega, devemos estimar e legar às gerações futuras, dando a conhecer. Não conseguimos estimar e cuidar do que não conhecemos”, refere José António Christo, diretor do Museu de Aveiro, presente na formação.

“Estarmos a trabalhar isoladamente numa ou noutra perspetiva os resultados serão menores do que se congregarmos esforços nos unirmos e fizermos caminho juntos. O museu de Aveiro está localizado num antigo convento, toda a sensibilidade à arte religiosa tem de ser muito estimada”, acrescenta o responsável pelo polo cultural que acolhe as relíquias da padroeira da cidade e da diocese, Santa Joana.

A ação de formação, da responsabilidade do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, realiza-se há alguns anos tendo já passado pela maioria das dioceses portuguesas; prevista está ainda a sua realização em Lamego, a 17 de novembro, e em 2019 seguirá para outras dioceses.

LS

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