Prostituição: «É possível acontecer Natal para quem está na rua» – Diretora do «Ninho»

Dália Rodrigues destaca oportunidade para reforçar junto destas mulheres uma mensagem de esperança

Foto Lusa

Lisboa, 20 dez 2018 (Ecclesia) – A Associação ‘O Ninho’, que se dedica ao apoio a mulheres em situação de prostituição, faz da quadra natalícia uma oportunidade para reforçar uma mensagem de “afeto, aceitação e compreensão” junto de quem vive neste contexto.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, a diretora técnica desta instituição particular de solidariedade social católica realça que também “é possível acontecer Natal para quem está na rua” e ajudar cada uma destas mulheres a lutar por um futuro diferente.

“Nós acreditamos que cada dia pode ser um dia diferente para o resto da vida daquela pessoa. Um dos lemas do ‘Ninho’ é a esperança na mudança, a cor do ‘Ninho’ é o verde esperança, e no Natal isto tem um significado ainda maior”, destaca Dália Rodrigues.

Aquela responsável recorda que “muitas das mulheres não têm família próxima, ou quebraram os laços com a família”, e “o que se tenta sempre criar aqui é um ambiente familiar”, assente numa relação “de confiança, sem qualquer preconceito” ou “julgamento”.

No contacto entre a equipa de rua da Associação ‘O Ninho’ e as mulheres em situação de prostituição, durante estes dias, não falta a tradicional prenda.

“Nós distribuímos normalmente uma pequena lembrança para que esta época não seja esquecida, também tentamos fazer isso com quem está ainda numa situação mais complicada”, revela Dália Rodrigues.

A Associação ‘O Ninho’, fundada por Inês Fontinha, recebeu em 2003  o Prémio Direitos Humanos, pela Assembleia da República Portuguesa, e tem se afirmado ao longo dos últimos 51 anos como uma resposta consistente ao fenómeno da prostituição, na luta pela defesa da dignidade das mulheres e na busca de alternativas para a sua saída da rua.

A diretora técnica da instituição sublinha as “histórias dramáticas” que rodeiam este contexto, “em que o isolamento às vezes é uma forma de defesa” para alguém que já deixou de “acreditar” na sociedade e no outro.

“Nós tentamos combater isso, dizer que estamos aqui, que a porta está aberta, que elas podem vir ter connosco e partilhar estes momentos especiais. Não é só o Natal, são também os aniversários, a Páscoa, as datas festivas, o Dia Internacional da Mulher que é feito aqui também de uma forma muito especial”, explica Dália Rodrigues.

O Lar da Associação ‘O Ninho’, destinado a mulheres em situação de prostituição que não têm habitação, está aberto 365 dias por ano e faz também da “promoção humana” uma referência “fundamental”.

De acordo com a diretora técnica da instituição, isso implica sobretudo “dizer àquela pessoa que vale a pena sonhar, que ela pode sonhar”.

“o que é extraordinário é que todas estas mulheres, apesar de tudo, têm ainda alguma capacidade para sonhar. Elas são uma lição de vida”, frisa a diretora técnica da instituição.

Foto Chef Kitaba, Agência ECCLESIA / PR

Uma das iniciativas que a Associação ‘O Ninho’ promove, durante esta quadra festiva, é a tradicional Ceia de Natal, com o apoio da Cáritas Portuguesa e confecionada pelo ‘chef’ angolano Luís Miguel, mais conhecido por ‘chef’ Kitaba.

A reportagem do evento vai estar em destaque no Programa ECCLESIA de dia 27 de dezembro, a partir das 15h00 na RTP2.

PR/JCP

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