Saúde: Associação dos Médicos Católicos Portugueses pede medidas de conciliação Trabalho-Família e fala em «monstro» do trabalho extraordinário nas Urgências

Presidente do organismo diz que o Estado «dá um mau exemplo»

Lisboa, 03 abr 2018 (Ecclesia) – A Associação dos Médicos Católicos Portugueses (AMCP) defende a necessidade de medidas de conciliação Trabalho-Família, considerando que o Estado “dá um mau exemplo” neste campo, em particular nas Urgências.

“Os jovens médicos são pais cada vez mais tarde e têm uma enorme dificuldade em realizar o desejo legítimo de ter filhos, porque o SNS criou um autêntico monstro que sequestra médicos e enfermeiros, através de um número cada vez maior de trabalho extraordinário nas urgências”, afirma Pedro Afonso, presidente da AMCP, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, após um estudo realizado junto de 181 médicos da associação.

O documento revela que os médicos consideram mais difícil conciliar trabalho e família no Serviço Nacional de Saúde (SNS) do que no sector privado.

Pedro Afonso, médico psiquiatra, sublinha que “a conciliação entre o trabalho e a família é uma das tarefas mais difíceis de alcançar para qualquer casal com filhos”.

“Infelizmente, o Estado dá um mau exemplo”, acrescenta.

O inquérito aos médicos católicos, realizado durante o mês de março, revela que os médicos trabalham em média 47 horas semanais e que a maioria destes profissionais considera que a partir das 43 horas semanais de trabalho existe um “claro prejuízo” para a vida familiar.

Para o presidente da AMCP, “a pressão da sociedade está cada vez mais do lado do trabalho”.

Portugal tem um problema gravíssimo de natalidade e temos obrigação de criar condições para que ela aumente, garantindo a renovação geracional e tornando sustentável o nosso modelo de sociedade”, conclui Pedro Afonso.

A maioria dos médicos inquiridos, cuja média de idades é de46 anos e meio, considera que é importante a introdução de um conjunto de medidas e ações a serem implementadas na área da saúde, nomeadamente “a melhoria da legislação de forma a permitir a flexibilidade de horário de trabalho e o trabalho a tempo parcial”, bem como a possibilidade de “reduzir temporariamente o horário de trabalho devido a assistência à família”.

O assunto vai ser debatido no próximo encontro nacional da AMCP, marcado para 21 de abril, no Auditório do Colégio S. Tomás, em Lisboa, com inscrições a decorrer.

OC

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