Sínodo: Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé elogia clima de diálogo

Cardeais apresentam impressões sobre debate na assembleia extraordinária

Cidade do Vaticano, 09 out 2014 (Ecclesia) – O prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (Santa Sé) afirmou que o Sínodo dos Bispos tem decorrido num ambiente de diálogo e respeito sobre os temas da família.

“Há uma atmosfera fraterna e amigável, todos se respeitam, mas todos temos a consciência de que a Palavra é o fundamento do nosso agir e dos nossos discursos”, disse D. Gehrard Müller, em declarações divulgadas pelo site do Vaticano.

O cardeal alemão sublinhou que a assembleia geral extraordinária decorre de forma mais “sistemática”, mas lamenta que as intervenções sinodais não sejam publicadas.

“Os cristãos têm o direito de ser informados sobre as intervenções dos seus bispos”, sustenta.

Os participantes na assembleia sinodal foram avisados para não publicarem mensagens na rede social Twitter durante os trabalhos, mas podem fazê-lo fora das sessões de trabalho.

O cardeal sul-africano D. Wilfrid Fox Napier tem comentado o desenrolar o Sínodo com vários ‘tweets’, advertindo que ainda não vão ser propostas “soluções”.

“O que é claro é que o Sínodo está a centrar-se na sua tarefa de ver de perto os problemas e situações difíceis do casamento e da vida familiar”, escreveu noutra mensagem.

O jesuíta Antonio Spadaro, que participa nos trabalhos por nomeação papal, publicou por sua vez uma mensagem em que afirmava ser “falso” que alguns cardeais tenham entrado em discussão durante o Sínodo.

O cardeal brasileiro e presidente-delegado da assembleia, D. Raymundo Damasceno Assis, explicou durante os trabalhos que não está em causa um “olhar legalista” sobre temas como o divórcio ou a homossexualidade, mas fazer que a Igreja “seja a casa paterna onde há lugar para cada um, com a sua vida”.

D. Odilo Pedro Scherer, cardeal-arcebispo de São Paulo, referiu à Rádio Vaticano que “há um desejo de mudança”, mas que a questão reside em saber “o que se deve mudar”.

Neste contexto, o responsável defendeu a necessidade de “tornar mais pastoral o serviço jurídico canónico” para “ajudar os casais que têm direito a uma sentença por parte da Igreja em relação à sua situação”.

O cardeal de São Paulo acrescentou, por outro lado, que o mediatizado tema do acesso à Comunhão por parte de divorciados recasados exige reflexão mais profunda.

“A questão da Comunhão não se resume simplesmente a dizer: ‘Pode-se, não se pode… deixa-se, não se deixa’. Diz respeito verdadeiramente à questão de fundo de aceitar ou não aceitar a fé da Igreja”, concluiu.

O cardeal Walter Kasper, presidente emérito do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, foi alvo de várias críticas, na sequência do debate sobre a situação dos divorciados recasados, por ter proposto a readmissão à Comunhão destes católicos após um período de “nova orientação (metanoia)” e da Confissão.

“O centro do Evangelho é a sua mensagem de misericórdia. Não pode haver nenhuma situação na vida humana em que se cai num buraco e não há saída”, disse em entrevista ao canal católico ‘Salt and Light’, parceiro do Vaticano na cobertura mediática do Sínodo.

O cardeal alemão apresenta a Igreja como um “Sacramento de Misericórdia”, à imagem de Deus, admitindo que houve alguns “receios” que considera infundados em relação às consequências das suas propostas sobre a doutrina da indissolubilidade do Matrimónio.

OC

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