«Todos Cidadãos do Mundo»

Festa dos Povos, em Évora No passado domingo 8 de Maio a Arquidiocese de Évora viveu, num espírito de grande unidade e alegria, a sua primeira Festa dos Povos: “Todos cidadãos do mundo”. Uma iniciativa muito recomendada pela Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) a todas as dioceses, pela qual as estruturas da Igreja comprometidas com a pastoral das migrações, propõem-se congregar as comunidades imigrantes e todos os que trabalham neste sector, de forma profissional ou voluntária, num dia de convívio amistoso, oração comunitária e encontro inter-cultural. Um sinal de acolhimento concreto na fé para um mundo de justiça e paz! O dia começou com uma Celebração eucarística, na Igreja do Espírito Santo, cantada em várias línguas a que presidiu o arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia, coadjuvado por sacerdotes de rito romano e bizantino. “Todos os povos são chamados por Deus a constituir uma única e unida família humana”, disse. Recordou ainda aos presentes, quase a convidá-los a renovar no meio de tantas tribulações da vida a sua confiança no Ressuscitado, que “Cristo é o grande migrante porque não só se refugiou no Egipto, com Maria e José, para salvar a vida como também migrou do Pai e a Ele regressou derrubando as fronteiras entre Céu e Terra”, aludindo à festa da Ascensão do Senhor que nesse domingo se assinalou. No Auditório da Universidade de Évora aconteceu o convívio inter-cultural em que desfilaram cantares alentejanos e ucranianos, danças africanas e poesia proclamada por alguns jovens estudantes estrangeiros. Das intervenções das autoridades presentes, na breve sessão de abertura, destaca-se uma visão positiva generalizada que entende a imigração como um intercâmbio cultural que enriquece a igreja, a sociedade de acolhimento e os próprios imigrantes. Apelou-se a que os imigrantes, não obstante as muitas e repetidas dificuldades que ainda persistem a nível da integração, ajudem Portugal a abrir-se às culturas e a modernizar os seus serviços administrativos de apoio aos cidadãos. Um país que comporta 5 milhões de portugueses pelo mundo tem particulares responsabilidades e deveres para com os seus emigrantes – como por exemplo a defesa intransigente dos trabalhadores “temporários” portugueses “escravizados” na vizinha Espanha e firme criminalização dos traficantes – e, do mesmo modo, para com os trabalhadores ou estudantes imigrantes e refugiados encontrando-se esses legalizados, registados ou em situação de irregularidade . O almoço de confraternização oferecido a todos foi patrocinado por entidades locais que aceitaram colaborar com o Secretariado Diocesano da Pastoral de Migrações de Évora e o Projecto “Âncora” (Caritas e CVX), promotores deste evento de comunhão e de nova evangelização. Duas modestas organizações que conseguiram realizar um grande e magnifico encontro que promete tornar-se num momento insubstituível do calendário da diocese e vida dos imigrantes a viver naquela região. Vindos de várias paróquias do Alentejo – hoje destino de muitos trabalhadores imigrantes e estudantes estrangeiros – participaram activamente na I Festa dos Povos de Évora, portugueses, ucranianos, brasileiros e africanos de todos os países de expressão portuguesa. Apoiaram fortemente este evento marcando presença os representantes da Câmara Municipal e Governo Civil de Évora, do Alto-comissário para a Imigração e Minorias Étnicas, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Centro Local de Apoio ao Imigrante, da Obra Católica Portuguesa de Migrações e Capelania dos Católicos Ucranianos do Alentejo (Évora e Beja). Évora – terra de acolhimento de tantas culturas tão diversificadas ao longo dos séculos – continua a ser hoje, com o apoio da Igreja, a querer ser terra de hospitalidade concreta e de universalidade na fé da única Igreja que respira com os seus dois pulmões: o do Oriente e do Ocidente. Lília Carmo e Rui Pedro

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