Vicentinos: Província portuguesa celebra aniversário com o Papa

Encontro internacional levou milhares de pessoas à Praça de São Pedro

Lisboa, 14 out 2017 (Ecclesia) – A Família Vicentina está a assinalar 400 anos de existência com um simpósio internacional e um encontro com o Papa, hoje, na Praça de São Pedro, a partir do meio-dia de Roma (11h00 em Lisboa)

O Vaticano recebe milhares de vicentinos de todo o mundo, para debater o tema “Acolher o Estrangeiro”.

Portugal está representado pelos 7 ramos da Família Vicentina (Congregação da Missão, Filhas da Caridade, Associação internacional de Caridade, Sociedade de São Vicente de Paulo, Associação da Medalha Milagrosa, Colaboradores da Missão Vicentina e Juventude Mariana Vicentina), num total de uma centena de peregrinos.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o provincial dos padres vicentinos em Portugal, padre José Alves, destaca a oportunidade deste evento numa altura em que importa olhar para o futuro da congregação e toda a sua ação pastoral, junto dos pobres, dos mais necessitados e também dos migrantes e refugiados, que estão no centro deste simpósio.

“Se a emigração é uma constante da História, os refugiados são um fenómeno muito recente, que está a afetar milhões e milhões de pessoas e ao qual é preciso estar muito atento”, frisa o sacerdote.

O padre José Alves acredita que o Papa irá com certeza “reforçar” aquelas que têm sido “as linhas mestras de toda a sua ação pastoral”: uma “caridade ao exemplo de Cristo”, uma “proximidade muito grande com a pessoa necessitada, sentindo as suas dores”; e a busca permanente da “criatividade”, pois “a pobreza está sempre em permanente mutação”.

Numa carta enviada recentemente a toda a Família Vicentina, por ocasião dos 400 anos de existência deste carisma, Francisco cita uma frase de São Vicente de Paulo que diz “o amor é inventivo ao infinito”.

“Esta frase não nos deixa parar. Se o amor é infinito e é criativo, naturalmente é preciso estar sempre numa atitude caminhante. De quem vai descobrindo novos campos de trabalho, porque há sempre novas carências às quais é preciso dar resposta”, frisou o padre José Alves.

O simpósio internacional da Família Vicentina a Roma contou com um número muito elevado de inscrições, razão pela qual “o encontro com o Papa irá acontecer na Praça de São Pedro”.

Esta “peregrinação” vai também assinalar os 300 anos da presença dos vicentinos em Portugal, com a presença de uma delegação lusa composta por cerca de 100 elementos.

O padre José Alves lembra que desde o início o fundador dos Vicentinos, São Vicente Paulo, mostrou a sua preocupação pela ação social da Igreja, alertando para a urgência de “organizar a caridade”.

Isto traduziu-se em vários projetos, como a Congregação da Caridade (Padres Vicentinos), as Irmãs Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, as Conferências Vicentinas ou as Juventudes Marianas Vicentinas.

A inspiração de São Vicente Paulo trouxe várias novidades, a “primeira” das quais “entregar às mulheres a prática da caridade”.

Para perceber o impacto social desta mudança, é preciso lembrar que “há 400 anos as mulheres ou casavam ou iam para o convento”, realça o padre José Alves.

Por outro lado, São Vicente Paulo introduziu a noção de “apoio ao domicílio”, no serviço aos mais carenciados, algo que “hoje toda a gente” reconhece “como parte da solução para as pessoas idosas e abandonadas das nossas cidades e aldeias”.

Atualmente, uma das preocupações dos vicentinos no nosso país passa por “modernizar” o apoio prestado junto das paróquias, as chamadas “missões populares” coordenadas pelos Padres Vicentinos.

Essas missões foram criadas no início com base em três pilares: a transmissão às pessoas do “essencial da doutrina cristã”, o apelo à “reconciliação” e “a organização de associações de caridade” para que ninguém naquela paróquia ou aldeia ficasse “desamparado”.

Hoje há também a preocupação de estimular o papel dos cristãos, dos leigos, na vida comunitária, e “trazer para a casa das pessoas as discussões de assuntos e temas que normalmente só são tratados na Igreja, pelo pároco ou sacerdote”.

“Na Igreja as pessoas perdem a voz, não têm coragem de falar, mas ali na casa de um amigo até são capazes de falar dessas mesmas coisas”, sustentou o provincial dos padres vicentinos em Portugal.

SN/JCP

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