A fingir também se vive o que é real

Miguel Oliveira Panão (Professor Universitário), Blog & Autor

Recentemente li no livro blink de Malcolm Gladwell um tópico interessante sobre a relação entre as expressões faciais que fazemos e o que sentimos. Por exemplo, se estivermos a fazer feições amedrontadas, todo o nosso corpo reage (batimento cardíaco, suor nas mãos, etc.) como se realmente estivéssemos a experimentar esse sentimento.

Pensei logo na importância de sorrir. Não sei se alguma vez fizeste esta experiência, mas se sorrires para alguém (mesmo que não conheças essa pessoa), o mais provável é receberes um sorriso de volta. Por outro lado, se sorrires mais durante o dia, em ti despertam as emoções positivas de um sorriso.

Mesmo que estes estudos estejam restritos à face, lembrei-me de uma frase que ouvi quando era miúdo e que dizia

“Vive como se tivesses fé e a fé te será dada.”

Ou seja, finge que tens fé. Como o nosso corpo é um todo, este seria um modo concreto de experimentar melhor o que significa viver a fé. Que emoções desperta? Que pensamentos?

É claro que o mesmo poderíamos dizer em relação à ausência de fé. Isto é, o que seria viver como se não tivesse fé? Que sentiria? Que pensaria?

Não é que este tipo de exercícios psicológicos nos levem por um caminho de relativismo em relação à realidade. Pelo contrário, pode dar-nos uma maior consciência do que significa estar na pele do outro e entrar nela para o compreender. Diria que seria desenvolver a capacidade humana para a empatia expressa por uma expressão – “fazer-se um” com o outro.

Quando somos convidados a estar tristes com os tristes, alegres com os que estão alegres, não é mais do que agir humanamente através deste “fazer-se um” que, de acordo com a psicologia, nos leva a experimentar o que o outro experimenta.

“Fazemo-nos um” porque estamos inclinados, como família humana que somos, a “sermos um.” A unidade do ser humano não é wishful thinking, mas o decurso natural das coisas.

Quando resistimos a isso, semeia-se a destruição e demoramos mais tempo a chegar onde poderíamos.

Enfim, passo a passo.

Podes começar hoje com um passo simples… sorrir.

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