Algarve: «Searinhas» caracterizam o presépio tradicional com menino Jesus em pé

Tradição com raiz medieval começa a ser preparado no dia 8 de dezembro, na Solenidade da Imaculada Conceição.

Faro, 23 dez 2017 (Ecclesia) – Na Diocese do Algarve as “searinhas” são características na armação de um “presépio tradicional” que tem raiz medieval e começa a ser preparado no dia 8 de dezembro, na Solenidade da Imaculada Conceição.

O jornalista Samuel Mendonça começa a explicar à Agência ECCLESIA que no início do mês de dezembro colocam “pequenas sementes de cereais”, geralmente trigo, cevada ou centeio, em “pequenos pires, chávenas de louça ou de barro”.

Depois das sementes germinarem as “searinhas” vão enfeitar o presépio para o Menino Jesus “as abençoar” e “dar muito pão às sementeiras”; No Dia de Reis, as sementes germinadas eram transplantadas no campo para crescerem.

A representação do nascimento de Cristo no Algarve tem raiz medieval e “é diferente” das habitualmente feitas noutras regiões” de Portugal.

“[O presépio] não representa o cenário da lapa de Belém. É antes armado em escadaria (trono) com o Menino Jesus em pé, no topo; No século XIX, nove dias antes do Natal, preparava-se a casa para armar o presépio”, acrescenta.

A imagem do Menino, tradicionalmente esculpida por santeiros locais, era iluminada por uma lamparina de azeite e para além das “searinhas” no trono há lugar também para “laranjas, frutos secos, flores ou verduras diversas, como a murta, o loureiro, o alecrim, a aroeira ou a nespereira”

O jornalista do jornal diocesano ‘Folha do Domingo’ destaca ainda que na comunidade piscatória de Olhão as pequenas searas “germinavam dentro das latas de conserva de sardinha”, nas primeiras décadas do século XX, e ainda hoje há quem mantenha viva essa tradição, agora em latas de atum.

O dossiê da mais recente edição do Semanário ECCLESIA, é dedicada ao Natal em todas as dioceses de Portugal e às suas muitas configurações de norte a sul, continente e ilhas.

CB

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