Comunicado sobre o seminário do Grupo Europeu da Pastoral Operária

“ As Migrações no seio da crise na União Europeia: desafios e respostas”

 

Realizou-se entre os dias 6 e 9 de abril em Barcelos (Silva), o Seminário Europeu do GEPO (Grupo Europeu da Pastoral Operária) sob a temática “As Migrações no seio da Crise na União Europeia: Desafios e Respostas”, onde participaram delegações da Pastoral Operária de Portugal, Espanha, Luxemburgo, Suíça, Alemanha, Bélgica, Roménia, Inglaterra e Malta.

 

Este Seminário precedeu o realizado em Remich (Luxemburgo) em 2010, visando dar continuidade e aprofundar a reflexão iniciada sobre as migrações pelo GEPO e, ainda, contribuir para a definição de diretrizes para um agir conjunto das organizações da Pastoral Operária, em torno dos desafios e respostas às migrações no atual contexto Europeu.

 

O seminário decorreu segundo a metodologia da Revisão de Vida: Ver – Julgar – Agir. No tempo dedicado ao Ver, cada delegação participante teve a oportunidade de partilhar e confrontar a sua visão sobre as migrações noutros países europeus e conhecer, através de diversos testemunhos, a realidade de vida concreta de migrantes (emigrantes e imigrantes): situações de exploração e desrespeito nos países de acolhimento e, também, algumas experiências positivas de integração e apoio aos migrantes. Houve ainda a possibilidade de conhecer o modo de atuação dos sindicatos europeus, no que respeita à problemática das migrações, através da experiência da Confederação Europeia dos Sindicatos (CES) , as barreiras existentes a uma intervenção mais eficaz por estas organizações e o seu empenhamento no  combate ao racismo e à xenofobia e na luta por um trabalho digno para os migrantes.

 

As intervenção do Pe. Paul Schobel (Alemanha) e do Pe. Jean- Claude Brau (Bélgica), no âmbito do Julgar, salientaram a atualidade e o contributo relevante do Ensino Social da Igreja e da Bíblia, para sustentar um conjunto de atitudes que o GEPO considera essenciais na abordagem das migrações: i) a centralidade da Pessoa Humana e não do capital; ii) olhar a realidade a partir do ponto de vista do migrante, das suas situações e sofrimentos, da salvaguarda de uma vida decente; iii) a coerência entre a palavra  e a ação; iv) uma crítica radical e teológica das causas do sofrimento dos migrantes; v) ter uma visão partilhada, ampla e a longo prazo das migrações.

 

No momento dedicado ao Agir, foram apresentadas três experiências concretas de apoio e trabalho com as comunidades migrantes em Portugal (CNLI – Comissão Nacional para a Legalização dos Imigrantes), no Reino Unido (St. Antony`s Centre for Church & Industry) e no Luxemburgo (CEFIS – Centre d` Étude et de Formation Interculturelles et Sociales).

 

O Dr. José Luís Gonçalves, com a sua comunicação lançou à assembleia uma série de desafios para a ação no domínio das migrações: i)  ultrapassar a ideia errada de “Nós” e “Eles”, criando com o migrante um vínculo social afetuoso; ii) a criação de “lugares de socialização”,  a partir da vivência de experiências de solidariedade de razões,  onde é salvaguardada a “nossa” dignidade; iii) a atenção ao marketing e opinião publicitada, ou seja, realizar intervenções de causas e adotar uma nova linguagem, para influenciar de um modo construtivo a agenda social, política, cultural e laboral sobre as migrações; iv) o apoio no regularizar da situação dos indocumentados; v) a capacitação cívica da pessoa migrante, respeitando as três dimensões das migrações (étnica, cultural e religiosa), que se combinam no seu dia a dia concreto.

 

A reflexão desenvolvida durante o Seminário, possibilitou aos membros do GEPO comprometerem-se num agir concertado, com o objetivo de contribuirem para que o “migrante” seja acolhido e respeitado como Pessoa Humana e um “irmão” e, consequentemente,  possa ter uma vida digna. Mais concretamente, as organizações nacionais da Pastoral Operária reconheceram como aspetos essenciais para a sua ação futura: i) a reflexão sobre o significado de “integração”, a partir do que a Bíblia e o Ensino Social da Igreja nos indicam; ii) informar através das suas publicações (o sofrimento e os direitos e deveres dos migrantes, boas práticas de acolhimento e apoio, os benefícios dos migrantes no país de acolhimento, motivar os membros da opinião pública a agir); iii) Manter as ligações com a Igreja para tornar presentes as aspirações dos migrantes e, também, a ligação com os sindicatos; iv) a fidelidade entre a palavra e a prática.

 

Importa referir que a nível Europeu o GEPO irá, ainda, tentar encetar algumas iniciativas tais como, uma maior colaboração com o MTCE (Movimento Europeu de Trabalhadores Cristãos) para partilha e comunicação ao exterior do que ambas as organizações defendem sobre as migrações. Outras ações a realizar pelo GEPO compreendem: i) a realização de um encontro com a Assembleia dos Bispos Europeus (COMECE), para apresentação dos resultados deste seminário; ii) a criação e/ou o reforço do trabalho a nível nacional de instâncias dirigidas à pastoral das migrações, para que possa existir uma abordagem mais ampla pelas Igrejas nacionais em relação à realidade dos migrantes; iii) manter a ligação com as estruturas sindicais e contribuir para que estes possam prestar um melhor acolhimento e apoio  às comunidades migrantes; iv) a criação de uma plataforma no site do GEPO com informação relevante sobre as migrações, acessível a uma rede de potenciais interessados.

 

No encerramento deste Seminário do GEPO esteve presente D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, que presidiu à Celebração Eucarística.

O Executivo da Pastoral Operária

Braga, 12/04/2011

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