Deficiência: «Rampas de acesso a Jesus» promovem inclusão na vida paroquial

Maria do Carmo Diniz fala de projeto que foi inspirado pela experiência de vida com o seu filho mais novo

Lisboa, 27 mar 2018 (Ecclesia) – O projeto ‘rampas de acesso a Jesus’, a decorrer no Patriarcado de Lisboa, pretende tornar a Igreja mais inclusiva para as pessoas com deficiência e construir comunidades que as saibam acolher e integrar.

Em declarações à Agência ECCLESIA, Maria do Carmo Diniz explica que o projeto nasceu da necessidade da própria família depois do nascimento do seu quinto filho, o Bernardo, que é deficiente profundo, com “99% de incapacidade”.

“Quando chegou altura da catequese, começamos a perguntar o que seria o percurso do Bernardo na Igreja”, explica, falando sobre o mais novo de cinco irmãos, agora com 8 anos, que “não segue o caminho regular” dos outros na vida paroquial.

Família do Bernardo

Maria do Carmo Diniz revela que falaram com o prior, o vigário e “até com o bispo” e perceberam que “não há uma estrutura” para estes casos, porque “todas as crianças com deficiência são diferentes”.

Neste âmbito, juntaram pessoas que estavam próximas da família para pensar sobre uma “paróquia inclusiva”, ponto de partida para a reflexão das ‘Rampas de acesso a Jesus’.

Depois organizaram as propostas concretas em três eixos: participação na vida litúrgica da paróquia; promoção do crescimento espiritual da pessoa com deficiência; e apoio às famílias e cuidadores.

“As rampas não estão feitas à medida de ninguém, nem sítios”, refere.

A mãe do Bernardo constata que se vive numa sociedade que “está menos habituada a conviver com a deficiência e a diferença”; a Igreja, “tradicionalmente, não tem esse hábito” de ir buscar as pessoas com deficiência “para dentro”.

“Estamos poucos habituados a procurar os dons que têm para nos dar: humildade; paciência; amor de Deus connosco”, observa Maria do Carmo Diniz.

A filha mais velha, Clara Diniz, comenta, por exemplo, que hoje “é mais fácil”, por todo o ambiente familiar, levar o Bernardo à Igreja “arranjando estratégias para ele perceber o sítio onde está e como é que tem de estar e agir”.

“Para as pessoas que não conhecem a deficiência em geral, e o meu irmão, é mais difícil perceber o porquê de querer levá-lo e ser tão importante para a nossa família estar incluído neste projeto de família: ir à catequese, à Igreja”, desenvolve.

O projeto com construído por várias pessoas – leigos e sacerdotes, familiares e profissionais que trabalham com pessoas com deficiência – de diversas paróquias da Unidade Pastoral de Nova Oeiras e S. Julião da Barra, São Pedro e São João do Estoril, Estoril e Cascais, no Patriarcado de Lisboa.

Maria do Carmo Diniz adianta também que os promotores de ‘Rampas de acesso a Jesus’ estão a trabalhar com o Serviço Nacional a Pessoas com Deficiência para começar a divulgar o projeto e dinamizar iniciativas-piloto em diferentes paróquias.

HM/CB/OC

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