Escrever a Bíblia que Portugal não conhece

Olhar em volta e perceber a influência da Escritura é um dos objectivos do projecto “A Bíblia Manuscrita”, da Sociedade Bíblica de Portugal Pelo menos 100.000 pessoas, de todas as idades, regiões, estratos sociais e profissionais, e confissões religiosas vão copiar, à mão, a Bíblia Sagrada já em Novembro próximo. Alfredo Abreu, coordenador geral de “A Bíblia Manuscrita”, refere que este é um texto tão familiar que não damos por ele. “Um dos pontos de partida é que a Bíblia está no nosso ADN, mas o que acontece é que não a conhecemos muito bem: queremos que as pessoas se dêem conta para as dimensões deste livro que estão presentes na sua vida”, explica à Agência ECCLESIA. Para além das igrejas e organizações religiosas (católicas e protestantes), outros agentes da sociedade civil estão a ser convidados a participar com iniciativas próprias: escolas e universidades, autarquias e entidades públicas nacionais, editoras e bibliotecas, órgãos de comunicação social, poderão organizar e promover conteúdos e publicações, cursos e colóquios, conferências e exposições relacionados com a Bíblia. O objectivo é, assim, ajudar as pessoas a darem atenção a valores fundamentais numa encruzilhada histórica e cultural. “Os portugueses devem saber quem são, o que trazem consigo e qual o contributo que podem levar às outras nações”, elucida o coordenador geral da iniciativa. Numa iniciativa da Sociedade Bíblica de Portugal, em parceria com estes agentes, serão abertos 22 “scriptoria” – um em cada capital de Distrito – durante duas semanas, onde as pessoas se poderão dirigir e “escrever a Bíblia”. Resultado: um ou vários exemplares das Sagradas Escrituras, com vários volumes cada, com milhares de caligrafias. “As Escrituras, ao longo dos séculos, têm promovido o valor e a dignidade das pessoas, provocando solidariedade, justiça, independentemente da fé das pessoas”, assegura Alfredo Abreu. Além do reconhecimento do património histórico ligado a esta Obra, o presente projecto quer promover uma “participação participada” em vários campos, para que se perceba qual o lugar da Bíblia no futuro. Alfredo Abreu relata iniciativas anteriores, que se revestiram de um grande sucesso por mostrarem, a todos, como a influência da Escritura se faz sentir “na nossa linguagem, na arte, na literatura, nos nossos nomes, nos nossos nomes ou nos nossos valores”. A operar desde 1835 em Portugal, a Sociedade Bíblica é uma organização cristã, inter-confessional, sem fins lucrativos, reconhecida como pessoa colectiva de utilidade pública pelo Governo português. O texto a partir do qual será copiada a Bíblia – quer nas escolas, quer na edição nacional do projecto – é o da tradução inter-confessional, aceite igualmente por católicos e protestantes. Apadrinharam a iniciativa, o professor Adriano Moreira, a escritora Agustina Bessa-Luís, o ensaísta Eduardo Lourenço, a actriz Eunice Muñoz, o director da Cinemateca, João Bénard da Costa, e o cardeal Patriarca de Lisboa, D. José Policarpo. Fazem igualmente parte da Comissão de Honra o professor Marcelo Rebelo de Sousa, a presidente da Fundação Pro Dignitate, Maria de Jesus Barroso, a ex-primeira-ministra Maria de Lurdes Pintassilgo, a presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Maria José Nogueira Pinto, o banqueiro Ricardo Espírito Santo Silva Salgado e a cantora Sara Tavares, entre outros.

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