Fátima: Nova exposição sobre centenário da Capelinha das Aparições sublinha «origem popular» de espaço emblemático (c/vídeo)

Historiador Marco Daniel Duarte explica objetivo da mostra, dividida em nove núcleos

Fátima, 01 dez 2018 (Ecclesia) – O diretor do Museu do Santuário de Fátima apresentou a exposição temporária ‘Capela-Múndi’, dedicada aos 100 anos da construção da Capelinha das Aparições, comemorados em 2019, que pode ser visitada a partir de hoje.

“É uma peça de origem popular, aceite pela hierarquia: não é trabalhada em gabinete de arquitetura, mas tem uma força gravitacional e simbólica que ao longo de um século transporta dos mais diversos pontos do globo pessoas para a sua intimidade”, afirmou Marco Daniel Duarte, em declarações aos jornalistas.

O comissario da exposição temporária ‘Capela-Múndi’ explicou que a Capelinha das Aparições surgiu “por iniciativa popular” para corresponder “a um pedido que entendia ser do Céu” e q ganhou “força emblemática que a fez resistir a qualquer traçado erudito”.

“É a partir da força laical que Fátima sobrevive e se impõe”, observa.

A capelinha foi construída em 1919, dois anos depois das aparições de Nossa Senhora aos pastorinhos videntes, e a primeira Missa foi celebrada a 13 de outubro 1921.

Os peregrinos, visitantes e turistas vão poder ver objetos ligados à capelinha que “estiveram dentro do seu perímetro e que há várias épocas” não podiam ser vistos, porque foram retirados e o espaço “deixou de ser acessível ao comum dos peregrinos”.

Uma mostra dividida em nove núcleos, onde há peças com “valia antropológica, outros artística e material”, como uma “coluna torsa” de construção de carpintaria/marcenaria popular ou “uma lanterna feita numa ourivesaria” e “testemunha” que o santuário nos anos 20 estava “apostado em olhar para as artes do seu tempo” e convocá-las para “serem colocadas ao serviço dos peregrinos”.

O diretor do Museu do Santuário de Fátima lembra que o edifício “teve episódios de festividade” mas também “muito controversos e muito complexos”, como aconteceu na noite de 5 para 6 de março de 1922, quando foi dinamitada.

“Uma ação de dolo para destruir o que era o símbolo mais forte do Santuário de Fátima e deixasse de haver essa comunidade orante que à volta da capelinha se estava a constituir”, comentou Marco Daniel Duarte.

A exposição assentou “numa investigação muito demorada” e o seu comissário realçou que estão “convencidos” de que a imagem de Nossa Senhora não sofreu danos no episódio da dinamitação, porque a imagem “era retirada” por Maria Carreira, a zeladora da capelinha, para a sua casa, onde ficava guardada e era levada “para a Cova da Iria nos dias solenes”.

A Capelinha das Aparições na Cova da Iria foi restaurada e reinaugurada a 13 de janeiro 1923.

A mostra vai ficar aberta ao público no Convivium de Santo Agostinho, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade, diariamente, entre as 09h00 e as 18h00, até 15 de outubro de 2019; aos sábados há visitas guiadas – às 11h30 e às 15h30; na primeira quarta-feira de cada mês, entre maio e outubro de 2019, vão ser realizadas visitas temáticas.

“Sendo um dos santuários mais visitados do mundo temos completa noção de que a transversalidade da sociedade passa por Fátima. Há, obviamente, uma franja muito grande daqueles que aqui vêm não frequentam museus e o contrário, pessoas cada vez mais exigentes que procuram as exposições do santuário para aprofundar os conhecimentos ao nível da cultura artística, religiosa e patrimonial”, desenvolveu Marco Daniel Duarte.

Na sua edição de novembro, o jornal ‘Voz de Fátima’ informa que cerca de 3,7 milhões de peregrinos rezaram na capelinha em 2017 e que, em 2019, o espaço “vai ser alvo de algumas intervenções de conservação e restauro”.

LFS/CB/OC

 

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