Irmãos S. João de Deus há 16 anos com nova política de reintegração Ao celebrar os 400 anos de presença em Portugal, para os irmãos de S. João de Deus a referência de Bento XVI ao tema da saúde mental, na mensagem para o Dia Mundial do Doente que hoje se assinala, “é um estimulo extremamente significativo que reforça a importância de um grupo muitas vezes marginalizado que são os doentes mentais”, disse à Agência ECCLESIA o Irmão José Paulo, o Superior Provincial da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus (OHSJD). Segundo este responsável “os doentes mentais são os mais excluídos. São aqueles que reclamam menos e aparecem menos”, e por isso refere o Irmão José Paulo, “o facto de o Papa olhar para eles e dizer que precisam de ser cuidados, reintegrados e assistidos atribui uma projecção mundial” que, para além da mensagem espiritual, tem também “uma função pedagógica”, explicou. “Com frequência os doentes são considerados um peso para a família e para a comunidade”, escreve o Santo Padre na mensagem que dedicou para este dia. Um facto que é aqui confirmado pelo Irmão José Paulo ao afirmar que “há uma tendência de esconder, e às vezes afastar o paciente da própria família e do local onde vive”. Uma atitude que se verifica para que “não seja posta em causa a imagem da família”, observou. Mas apesar disso, salienta este Irmão de S. João de Deus, “há que compreender as famílias e perceber as dificuldades que estas têm, em assumir a responsabilidade de um doente mental no seu seio. Há que ter uma atitude solidária, de respeito e de colaboração a que o próprio Papa chama a atenção. Os próprios governos e a própria sociedade tem que ajudar a família a acolher e a integrar os seus próprios doentes”, comentou. Para este Irmão, vivemos numa sociedade que “tradicionalmente exclui” estes doentes mas, considera também, “cada vez mais ouve-se falar destas pessoas, sobretudo na comunicação social, embora de forma negativa”. No entanto, está consciente de que começa a haver “um movimento, no sentido da reintegração no tecido social normal”. A política do governo para a saúde mental tem sido “uma política de modelo institucional hospitalar”, constata o provincial da Ordem Hospitaleira, referindo que há cerca de 16 anos que esta Ordem começou “uma política de reabilitação psico-social, mais virada para a comunidade e para a sociedade, integrando o doente mental na comunidade, e criando estruturas alternativas ao hospital psiquiátrico”. O problema está em encontrar recursos económicos para “sustentar estas estruturas alternativas”, sublinhou. Há 400 anos em Portugal A Ordem Hospitaleira de S. João de Deus tem origem na acção e exemplo de vida de S. João de Deus que, em 1538, em Granada (Espanha), iniciou a nova maneira de tratar e acolher os pobres, os doentes e os necessitados, sendo por isso um marco importante na história da medicina. Hoje, encontra-se em 51 países do mundo e das suas 294 obras assistenciais, 44 são dedicadas exclusivamente à Saúde Mental. Em 1606, os Irmãos de S. João de Deus vêm para Montemor-o-Novo e, na terra natal do seu fundador, iniciam a expansão da Ordem em Portugal. Actualmente estão presentes em 8 Centros Assistenciais, dos quais 6 se dedicam à Psiquiatria e Saúde Mental, assim como outras áreas de actuação, como as Dependências, a Psicogeriatria, a Reabilitação Psicossocial e os Sem-Abrigo representando 40% do número de camas no Continente e 50% nos Arquipélagos dos Açores e Madeira. Amanhã, 12 de Fevereiro, a TVI transmite em directo, pelas 11 horas, a Eucaristia Dominical a partir da Igreja da Casa de Saúde do Telhal, presidida pelo Pe. Álvaro Lavarinhas, Capelão da Casa.