Igreja/Sociedade: Congresso evoca sonho europeu do padre Manuel Antunes

Assembleia da República acolheu abertura de cinco dias de debate, dedicados ao sacerdote jesuíta nascido há 100 anos

Lisboa, 02 nov 2018 (Ecclesia) – A Assembleia da República acolheu hoje a sessão de abertura do congresso internacional de homenagem ao padre Manuel Antunes, com o tema ‘Repensar Portugal, a Europa e a Globalização”, evocando a figura do pensador e educador jesuíta.

O professor Adriano Moreira destacou, na sua intervenção, o património do pensamento do sacerdote jesuíta, num momento em que o sonho europeu do padre Manuel Antunes é ameaçado pelo “credo do mercado”, sobreposto ao “credo dos valores”, e pelo perigo de que “a saudade do passado afete profundamente o conceito da unidade”.

O antigo ministro e ex-líder do CDS falou num interventor que “manteve a total independência universitária”, com “respeito total do Governo”, e que meditou “profundamente sobre o que devia ser a unidade da Europa e como esta deveria ser reconstruída”.

Para Adriano Moreira, o padre Manuel Antunes é comparável a Agostinho da Silva, como figuras portuguesas do século XX que fizeram “escola”, mas “não foram ouvidos”.

Guilherme d’Oliveira Martins, presidente da Comissão Científica do congresso, assinalou por sua vez que o padre Manuel Antunes, nascido há 100 anos, “foi, é um pedagogo da democracia”.

“Temos oportunidade de, através da sua obra, do seu exemplo, tornar viva a sua preocupação, os valores que sempre defendeu”, apontou, perante dezenas de pessoas reunidas na Sala do Senado da Assembleia da República.

Já o padre José Frazão Correia, superior provincial dos Jesuítas em Portugal, evocou um “amigo da liberdade”, elogiando a “extrema atualidade” do seu pensamento e da sua pedagogia, uma “forma de estar em caminho com outros”.

“O padre Manuel Antunes viu melhor, porque viu mais”, sustentou.

Edite Estrela, presidente da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, recordou, por sua vez, a sua condição de antiga aluna do sacerdote jesuíta, que apresentou como um “mestre singular” que “semeou ideias e deixou um inestimável legado de valores culturais”.

A deputada prestou a sua homenagem a um “construtor de pontes e pedagogo da democracia”, que ofereceu um pensamento “humanista, democrático e europeu”.

O congresso contou com uma mensagem de Edgar Morin, lida por Guilherme d’Oliveira Martins, para evocar o padre Manuel Antunes como “grande referência da cultura” e figura de “inteligência superior”, ao serviço do diálogo na sociedade.

Paulo Ferreira da Cunha, professor da Universidade do Porto, falou em seguida de “ética, política e direito democrático”, numa reflexão “inspirada” pelo legado do padre Manuel Antunes.

O orador lamentou a falta de promoção da “ética republicana”, das virtudes e valores democráticos, alertando ainda para o surgimento de “autoritarismos” a nível europeu.

“O grande sonho europeu do padre Manuel Antunes parece cada vez mais longínquo”, lamentou.

A iniciativa decorre até terça-feira, passando pela Sertã, antes de regressar a Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, sendo encerrado por uma intervenção do presidente da República Portuguesa.

Em cima da mesa estão temáticas que vão desde a Literatura Portuguesa e estrangeira até à Inteligência artificial e a Robótica, passando pela Política e Educação.

Este congresso é uma iniciativa da Câmara Municipal da Sertã e da Fundação Calouste Gulbenkian, em pareceria com diversas instituições.

OC

Portugal: Congresso evoca padre Manuel Antunes como um dos «maiores pensadores e pedagogos do século XX» (c/vídeo)

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